A importância do autoconhecimento
Por muito tempo, pesquisei a importância de se aprender habilidades específicas para ser bem-sucedido. Além de habilidades, conhecimentos e experiências, que, caso combinados oferecessem vantagem competitiva no mundo profissional e empresarial.
A verdade é que quanto mais explorei livros, histórias e o sucesso como uma disciplina específica, mais ficou claro que ícones, celebridades e ídolos famosos em suas áreas de atuação concordam em uma variável em específico como a fonte maior de seu sucesso.
Na coletânea de entrevista com os Titãs de nossa era (pessoas reconhecidas por serem “bem-sucedidas”), o autor Tim Ferriss nota logo no início de seu imponente tomo Ferramentas de Titãs, o que é notável ao analisar tantas pessoas, e identifica o que ele vê em comum em todos esses ícones que entrevistou.
Mais tarde, no segundo livro dessa natureza, Tribo de Mentores, ele reforça sua mensagem. O sucesso deixa rastro!
Tim Ferriss é um dedicado estudioso em relação ao espírito humano e suas incessantes tentativas de preencher bem a vida. Suas grandes pesquisas são sobre saúde, riqueza e sabedoria. Sua fonte, pessoas que o inspiraram e demonstraram grande desempenho em uma questão em específico. Após mais de 500 entrevistas com esses Titãs, ele escreveu dois livros sobre suas descobertas.

O que as pessoa de sucesso têm em comum?
- Mais de 80% dos entrevistados habitualmente praticam mildfulness ou uma prática de meditação deliberada.
- Possuem o hábito de ouvir uma única música repedidamente para se focar.
- Quase a totalidade deles teve algum projeto em que trabalharam em seu tempo livre e sustentaram financeiramente, e então o submeteram à potenciais pessoas que se interessassem.
- Possuem a crença de que o fracasso não é durável, ou variantes dessa crença.
- Quase todos os entrevistados foram capazes de tornar uma fraqueza óbvia em uma clara vantagem competitiva.

O ato de focar, nasce da habilidade de estar isoladamente no presente. Entrar em uma dimensão exclusiva. Seja por meio do silenciamento da mente, na viagem que uma música nos leva ou no direcionamento de si próprio rumo a uma visão própria e genuína, nosso engajamento e desempenho depende de usar toda nossa capacidade de prestar atenção, ou seja, de empregar bem a consciência. Vale ressaltar que até mesmo o silêncio da “inconsciência” é importante, que temos de nos disciplinar contra o ruído externo ao momento e à tarefa.
Apesar de muitas dicas específicas, o que é verdadeiramente recorrente em 100% dos casos é a percepção do valor da própria escolha, e da própria visão. É a atitude de elaborar questões que sentem sinceramente em seu interior, e buscar as respostas. Curiosidade genuína, e desejo de amadurecimento individual.
A capacidade de se enxergar, e tentar “se usar” para vencer, ou atingir o que se vislumbra. No estágio da maturidade, ou sucesso, a receita é: Desenvolva a si próprio, perceba quem é, e faça de você mesmo sua maior alavanca de sucesso.
Falam de autoconhecimento e autoconsciência, somada com uma dose equilibrada de racionalidade fria e sinceridade interna. É recorrente também a concordância em relação à consistência em fazer as pequenas coisas, que afirmam categoricamente serem as verdadeiras coisas grandes.
Grandes momentos, apesar de decisivos, ocorrem raramente. Pequenos desafios e escolhas, acontecem todos os dias. Ao olhar em perspectiva, as coisas pequenas, realmente são as que mais influenciam, mais estão presentes, mais contribuíram. Mas como são doses pequenas, sem perspectiva, são subestimadas.

Elas falam de autoconhecimento!
Os bem sucedidos falam de autoconhecimento e autoconsciência. E o curioso, é que o sucesso, ainda sendo nebulosa a definição, tem um traço em comum: É uma definição pessoal a ser alcançada e vivida. Sendo assim, depende do empenho daquele indivíduo que assim o definiu. E aqueles que vivem sua lenda pessoal, tentam alcançar sua definição, e notoriamente são reconhecidos pela sociedade, convergem em apontar que autodomínio é a peça-chave. Seja lá o que deseje, será você próprio que vai precisar arquitetar sua vida para conquistar sua visão.
Quando reflito sobre isso, tudo começa a se encaixar muito bem. Para vencer uma competição acirrada, é preciso foco total e competência. Cada falta de atenção, ou negligência no treinamento, pode custar a vitória. Quando todos os competidores estão afiados e preparados, vencem os que tem maior foco e competência em fundamentos e habilidades específicas necessárias para a prova final. Em outras palavras, não é possível vencer desperdiçando energia.
E afinal, o que é essa energia? Tempo? Vida? Disposição?
De certo modo, até mesmo nossa disposição em um dia é influenciável por nossas escolhas conscientes, como quanto tempo dormimos ou como comemos, ou o que escolhemos descartar em nosso pensamento, e etc. Em outras palavras, como gerir e influenciar a quantidade e qualidade da misteriosa “energia”?
Se passamos a nos importar demais com o que não é importante para vencer, nos distraímos do foco principal e perdemos. É por isso que é preciso que toda nossa energia seja legítima, nossa. Consciente. Um esforço autêntico, deliberado e sincero, não dá brechas para distrações e futilidades. Os lócus de controle são internos. Há também esforços habituais e quase intuitivos oriundos de muita prática deliberada, mas mesmo estes são resultados e efeito de segunda ordem, ou ordem superior, aos esforços conscientes primários ou originais. O domínio da mente é fundamental para a excelência.
É mais fácil perceber a relevância da autoaceitação e do autoconhecimento em contextos esportivos competitivos, mas devido a convergência de opiniões sobre o tópico entre empresários, atletas e artistas, penso que isso possa ser uma verdade universal humana. Para ser capaz de tornar-se a melhor, ou melhor, a mais desenvolvida e madura versão de nós mesmos, necessitamos conhecer que versão é essa, visualizar com sinceridade esse potencial em todas as dimensões que formos capazes. Olhar a luz e a escuridão.
É preciso também perceber em que “atualização do software” nós estamos, e que falhas são sistêmicas em nossa totalidade, que prisma temos em relação à mentalidade, à competência e ao comportamento.
Em outras palavras, como está a qualidade de nossa ferramenta sistêmica?

“O que não é mensurável não pode ser melhorado.”
Peter F. Drucker, autor do célebre livro Gestor Eficaz, obra atemporal sobre administração e gestão, própria e de pessoas e projetos.
O que pode ser melhorado? O que pode de fato ser aprimorado? Uma condição!
O que é percebido! O que a consciência vê!
A frase célebre de um dos maiores administradores do século XX, representa uma voz do personagem consciente dentro de nós, aquele que é ordeiro, industrioso e disciplinado. E implicitamente evoca um princípio importante: precisamos perceber o que buscamos influenciar e melhorar.
Essa consciência não pode ser rasa, e embora sua colocação tenha uma natureza científica e objetiva, evoca em primeira instância que precisamos ser capazes de observar e perceber o “objeto”. Agora o desafio começa quando precisamos observar, mensurar e melhorar algo subjetivo. A nós mesmos.
Conhecer nossas fontes de motivação interna é uma das coisas mais úteis e duradouras que uma pessoa pode obter. Além deste, conhecer nossos princípios organizadores permite que de modo fundamental nos compreendamos de forma a ser capaz de operacionalizar os conhecimentos e experiências pessoais efetivamente.
Finalmente, é a nossa personalidade que levamos literalmente para todos os lugares que vamos, é a fonte de todos os sonhos que temos, origina todos os pensamentos e abstrações que investigamos. Por isso, nos familiarizar com ela é uma das coisas que mais influenciará nosso desempenho e qualidade de vida em nossa existência.
Como o antigo filósofo estoico Sêneca reflete em suas cartas, e Shakespeare por meio de sua peça Rei Lear, a sabedoria gera muitos benefícios com o tempo, mas a passagem do tempo em si não significa acúmulo de sabedoria, e é bem possível que nos tornemos velhos tolos. Tendo isso em mente, é primordial que deliberadamente tentemos perceber a vida, e não só deixar o tempo passar, com uma inocente e preguiçosa passividade. Atentar-se, é uma forma de trabalho.
Treine sua mente desde cedo. Aprenda a perceber, avaliar e refletir, assim passará muitos anos se beneficiando de uma mente afiada. Não apenas em seus últimos anos de vida… com alguma “sorte”…
“Os ódios ocultos são piores que os descobertos.” – Sêneca
Esta é a primeira reflexão de uma série de textos sobre a relevância e aprofundamento do autoconhecimento. Para receber os próximos textos cadastre seu e-mail na newsletter. Agradeço todo feedback da comunidade! Comente abaixo suas reflexões.
Ótimo texto, uma boa reflexão sobre estar atuando no aqui e agora. Parabéns, Luluz