Esta página é reflexo do meu preparo enquanto me graduo.

Documento posicionamentos pessoais e informações relevantes para apresentar o serviço de psicoterapia no futuro, quando me graduar.

Ressalto que a prática da psicoterapia não é prática privativa ou exclusiva de psicólogos, conforme a declaração categórica do CFP no lançamento da resolução 13/2022 sobre a prática da psicoterapia por psicólogos. A prática da psicoterapia, portanto, na legislação, pode ser exercida livremente por psicoterapeutas e terapeutas tanto como por psicólogos, mas não me intitulo terapeuta, ou psicoterapeuta, ou psicólogo, e nem presto o serviço de psicoterapia.

Sinta-se à vontade para falar comigo nos botões de WhatsApp, só quero deixar claro que ainda não atendo.

A linguagem em alguns textos, e verbos no presente, como: “utilizo”, “faço”, “penso”, “entendo”, “contrate-me”; podem levar à interpretação de que no presente exerço a função, mas coloco esta tarja para esclarecer este ponto também. Estes textos são construídos de forma a apresentar uma página em versão final, justamente para que esteja pronta quando me graduar, além disso representam minha posição atual frente aos assuntos, porque também há uma função documental para mim escrever sobre minha trajetória e mudanças de ideias ao longo do tempo.

Responsabilidade

Responsabilidade e disciplina

Responsabilidade integral com a Vida

Este valor é uma base fundamental para a realização em minha vida, é a ponte que me conecta com o mundo, que acessa experiências que desejo. É a ferramenta fundamental.

A utilidade da disciplina é muito evidente, mas, particularmente, demorei muito para entender a disciplina verdadeiramente. Para poder confiar em uma promessa, tanto a intenção precisa ser crível quanto a competência, e competência é o resultado da disciplina em estágios avançados de seu processo.

Confiança tem duas componentes: intenção e competência.

Quando disse que quando nos conhecemos não podemos de fato confiar em nós mesmos é porque em minha vida percebi que falhava com consistência com minha palavra, minhas promessas e minhas metas. Minha imaginação, ambição e desejos eram incompatíveis com a realidade, eu ainda desconhecia os caminhos que conectam a decisão e a realização.

Diante do fracasso, fui amadurecendo minha compreensão a respeito da componente capacidade, presente em cada promessa. É muito duro se dar conta de que somos incapazes, pelo menos se não formos corretos em nossos esforços e justos em nossa avaliação da situação.

Sabe, é natural quando crianças, que não tenhamos bons critérios e repertório para sermos realistas, mas é imaturo na vida adulta, mantermos, e não ajustarmos, nossa noção da realidade.

Esse valor para mim é um dos mais importantes para conquista da liberdade e da autonomia verdadeira. Coisas estas que valorizo muito, mas que demorei para descobrir como me relacionar verdadeiramente com elas. Quando articulo um desejo, uma meta ou um valor, normalmente imagino os benefícios e vantagens daquela conquista, mas aprendi que é preciso completar a análise articulando também o preço para se ter aquela posição almejada.

Entendo que, ao testemunhar sinceramente o preço de nossos desejos – em tempo, esforço, sacrifícios, dinheiro, relacionamentos, disciplina, orgulho e humildade, superações necessárias, etc. -, automaticamente tocamos no nosso principal obstáculo interno, tocamos os grilhões que nos aprisionam em nosso estado atual.

É somente ao estarmos cientes do que devemos nos desapegar para caminhar em uma direção, que de fato avaliamos se a meta é realmente desejada e se estamos munidos da intenção, determinação e capacidades necessárias.

É somente quando vemos não só a meta, mas também o caminho, que podemos tomar uma decisão consciente e realista.

Antes do confronto realista com o preço de cada meta, estamos apenas sonhando, estamos apenas na metade prazerosa da imaginação, pintando um quadro com nossas aspirações.

A vida é uma sucessão de sacrifícios que fazemos para preservarmos algumas coisas, antes de perdermos até mesmo estas, ao nos aproximar da morte. A dúvida fundamental: Como deixar para traz as coisas supérfluas, e preservar as coisas essenciais e importantes?

Simplesmente, não podemos arcar com as duras consequências de ter deixado valores importantes para trás. Diante da nossa consciência, nosso próprio juiz, sentimos emergir a determinação para “não fazer feio”. Não queremos nos decepcionar, tememos, ao avançar do tempo, a angústia e o arrependimento. Temos pavor de viver uma vida covarde e cheia de lamentos internos, e amarguras.

Creio que quando percebemos que o preço dos sonhos é o sacrifício, representado pelo desapego aos valores antigos, o reordenamento dos valores atuais em valores diferentes – avaliamos com a consciência que os novos são melhores -, é quando descobrimos a imensa contribuição da responsabilidade em nossas vidas.

Quando assumimos, ou melhor, reconhecemos nosso papel frente ao juiz interior, é quando interiorizamos a responsabilidade. Você presta contas a si mesmo!

Não há ideia de defesa, não há armadura, não há justificativas. Quando a dor do arrependimento tentar adentrar em nosso espírito, só um coração sincero em todo o seu esforço pode resistir, mesmo que tenha fracassado em seus projetos, objetivos e intenções.

A responsabilidade é o esforço sincero, o sacrifício dos valores imediatos pelos valores contemplados e desejados pela consciência.

Entendo que somente mediante a experiência sincera, discutida no valor da pureza de intenção, podemos de fato desenvolver sabedoria para refinar os valores que temos e selecionar outros que não temos, mas contemplamos a relevância destes.

A disciplina, normalmente não é amada espontaneamente. Só quando percebemos a relevância dela para sustentar outros valores importantes, que aprofundamos nosso entendimento sobre ela. Nosso relacionamento com ela começa como uma manipulação, a usamos para nossos fins. Admitimos que disciplina é o preço. É difícil, especialmente no início, enxergá-la como um fim em si mesma.

Mas, conforme nossa sabedoria aumenta, testemunhamos o imenso prazer de: (i) dominar a vontade; (ii) de comandar o corpo e o espírito; (iii) de libertar o potencial criativo retido pelas comportas da represa da disciplina; que internalizamos ela como um valor. Um fim em si mesma.

A prática da disciplina, eleva nossa habilidade com ela própria, e tal habilidade, tal músculo, faz escoar vida em nossas veias, como um estímulo viciante.

Quando sentimos o ciclo completo de uma experiência, com sinceridade interior ampla, podemos avaliar o valor intrínseco dela. E quando encontramos algo valioso, que é jubiloso e cheio de vida, de satisfação, e nos preenche de significado, não deixamos escapar o registro: ‘Eu quero isso na minha vida’.

A disciplina deixa de ser a lazarenta, e se torna uma amiga.

Assim como a meditação profunda amadurece o desejo pelo caminho da iluminação, do contato realista com o universo, a prática da disciplina dialoga com o espírito diretamente. Persuade-nos com eficácia.

É uma forma distinta de prazer, mas o hábito da disciplina, se torna como um vício. Uma pessoa que experimentou algo tão bom, não tolera viver sem a sua presença. A disciplina se torna um valor, quando praticá-la é a recompensa em si. É claro que continuamos a explorá-la, coitada, para garantir nosso sucesso e acessar outros valores tão poderosos e vitalizantes quanto ela, mas com o tempo, nosso relacionamento se torna menos manipulativo e aproveitador.

Disciplina: No Pain no Gain

Eu: Vou usar você para os meus objetivos!

Disciplina: Que sem coração, usando assim as pessoas os valores. Seu egoísta!

Eu: Quem quer rir, tem que fazer rir!

[…]

É uma relação que começa complicada… Temos que abrir mão de nossas excentricidades e vícios para fazer dar certo a relação. A disciplina se torna nossa amiga, mesmo com suas esquisitices e excentricidades. A toleramos, pois ela nos tolera, com nossas excentricidades e desejos duvidosos por valores potencialmente problemáticos como fama ou poder. Esta é uma reflexão para outra hora…

A disciplina carrega a chave para a autoconfiança, no sentido de que agora, podemos confiar em nossa própria palavra, nossa própria promessa. Estamos habilitados para fazer compromissos, até certo ponto. Munidos de intenção sincera e disciplina, temos tanto competência quanto intenção. Podemos confiar!

Check, posso confiar em mim mesmo!

A disciplina revela nossas fronteiras, nossas capacidades reais, nossas complexidades. Ela é luz que ilumina o caminho, que explora o desconhecido, que fortalece o explorador. É limitada, precisa de recarga e de cuidado. Ela não tolera tirania, ela é uma aliada fiel, mas exige absoluto respeito e cumplicidade. Ela irá contigo até os confins do seu mundo, enquanto a parceria funcionar para os dois. A disciplina é amiga do corpo, e do desconhecido. Ela conhece os limites, tanto os dela quanto os daqueles que ela é responsável por cuidar.

O universo tem uma lei para garantir que tudo é possível. Esta é a lei do processo.

Se há um caminho, ele só precisa ser encontrado. É improvável que seja instantâneo, mas é provável que exista. Progressivamente, nos aproximamos de nossos valores.

Há uma pegadinha, porém. Quanto mais nos aproximamos do alvo, podemos aumentar também nossa sabedoria, refinar o critério que utilizamos para determinar o que é importante. Antes que um valor se torne uma obsessão, devemos aprender a viver com maior qualidade.

Além da disciplina, a responsabilidade

Munidos de disciplina, passo agora ao aprofundamento da responsabilidade em si. Ser responsável é investir em um valor. É proteger uma promessa. É pagar com disciplina. É conciliar vontades.

Assim como a disciplina, que em estados profundos de entendimento revela ganhos secundários, que logo se tornam principais e fazem ultimamente que a disciplina seja instalada em nós de forma semipermanente, a responsabilidade também exibe esse aspecto.

Ao insistir em um compromisso, além dele potencialmente dar os frutos que desejávamos, ele também nos transforma.

A responsabilidade nos transforma.

Aprofunda nosso entendimento sobre os compromissos que firmamos e permitem que vivamos algo restrito, misterioso.

A responsabilidade é uma chave para a autotranscedência. É uma chave para a integridade do ser, do self. Responsabilidade, disciplina e autoconsciência podem juntas reordenar os valores, e revelar para nós mesmos nosso propósito em vida, o como atingimos harmonia e comunhão com a natureza, a nossa própria e a externa.

É como atingimos o Ikigai, entendemos Kaika e conquistamos um relacionamento harmônico com o tempo, atingindo então o Mankai. A harmonia integral e dinâmica.

Naturalmente, para cada pessoa, há uma combinação diferente de valores, proporções e dinâmicas. Para mim, entender a relevância da responsabilidade na vida, foi o que abriu meus olhos para o grande benefício da responsabilidade e da disciplina: De revelar quem sou!

É bastante comum que usemos os nossos papeis sociais para definir nossa identidade. Nossa vaidade, com sua sede insaciável por estabilidade e existência manifestada, se anexará em todo e qualquer papel social que vislumbrar.

Quando me formei engenheiro, dizia, quando perguntavam sobre mim: “Sou engenheiro…”

Sou o que faço? O que estudei? De certa forma, sim. De outra, não. Minha intenção não era mais pura, eu havia me escondido de mim. Ainda não havia encontrado harmonia interior em prover com aquele conhecimento a harmonia que ele é capaz de realizar. Eis minha experiência de como descobri a importância de não calar a si próprio.

Quando nos dedicamos à algo, aquilo não nos define, nos revela.

É libertador perceber que: Eu sou!

Não quero soar revolucionário moderninho, e dane-se todos os compromissos…

Mas hoje penso que é um erro limitar-se definitivamente ao se vincular em um compromisso. Conforme compromissos revelem nossa identidade, ou melhor, desconstruam nosso ego, nos libertamos de amarras e fixações.

Acredito que os estados mais profundos de responsabilidade e comprometimento são missões pessoais inegociáveis e irrestritas por rigidez e fronteiras. Quando uma pessoa assume seu compromisso último, ela já está tão longe de parâmetros convencionais de contratos, que não faz sentido para mim teorizar além deste ponto.

O que quero deixar claro é: Compromisso e flexibilidade são conciliáveis, mas pode ser misterioso para observadores externos. O compromisso, em última instância, é pessoal. Motivado por forças interiores, independente de respostas externas. Quando se é estabelecido compromisso com pureza de intenção, e esta última se preserva ao longo do caminho, é a bússola interna a responsável pelo critério, o indivíduo segue a própria lei, somente. E vá entender quem faz isso…

Paradoxal, mas não creio em vínculos rígidos.

É evidente que me foi muito útil o caminho da engenharia que vivi (todo o caminho na verdade). O que quero destacar é que foi por meio dos meus compromissos mais significativos, o que fiz por muito tempo, que acabaram por revelar minhas contradições mais profundas, meus valores “verdadeiros” e inconscientes.

Aprendi, vivendo, que os compromissos revelam quem somos. Seja pelo exercício e evolução, ou pela revelação de nossos mistérios. A experiência amadurece, e embora possamos ficar presos por muito tempo, um olhar sincero sobre nossa alma revelará nosso eu mais verdadeiro quando estivermos prontos para ver. Sei porém, que uma mudança de vida, exige coragem, não apenas consciência.

Durante algum tempo eu me questionava, o que é mais difícil: o primeiro passo ou os posteriores?

Por um tempo, acreditava que o salto de coragem, o primeiro passo, era o mais difícil. Mas depois de algumas iniciativas, vi que eram as ‘acabativas’ as provas mais desafiadoras. Ter coragem para ter iniciativa é fácil, quando comparada à coragem para se ter disciplina e responsabilidade.

Para mim, a primeira é a coragem inocente de criança, a segunda a coragem madura, de gente Grande, com G maiúsculo!

As duas montanhas

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Percebi que na vida, estamos sempre escalando montanhas. E que existe mais de uma montanha, e mesmo assim, pode-se dizer que há apenas dois tipos delas. Seria demasiadamente exagerado reduzir a aventura humana em apenas uma dualidade?

Bom, vejo assim…

A primeira montanha, é para que conquistemos três domínios:

I – Consistência, hábitos, paciência e autodomínio.

II – Clareza, habilidade, autonomia e interdependência.

III – Placar interno, virtudes, valores e comprometimento.

Creio que esses domínios são necessários para podermos ir encarar a segunda montanha. Vejo que essa primeira montanha, é nossa investigação dos mundos internos e externos. É sobre aprendermos a viver e funcionar, e especialmente, a refletir.

Na segunda montanha, é a vez da autotranscedência. Nós exploraremos agora o reino das possibilidades e do futuro. É de certa forma, nossa tentativa na vida. É quando usamos a clareza que conquistamos na primeira aventura.

Seus domínios são:

I – Ausência da mente consciente no estado de flow. Ser mestre em nossa habilidade e inovar, permitir que nossos hábitos trabalhem e nossa mente esteja livre e vazia para pegar o fruto da zona desconhecida e distante do ordinário.

II – Quando o bastidor se torna palco. Não existe mais diferença para nós na forma que fazemos as coisas, seja sozinhos ou observados. O que regula nossas escolhas são valores, não mais a vaidade, ou uma identidade fixa. Aceitamos a mudança e que somos um processo, não um ponto centralizador. Não estamos parados sendo atravessados pelo tempo, filtrando experiências, mas estamos em movimento atravessando o tempo. Somos água, não a peneira.

III – O objetivo é o caminho. É sobre quem você se torna. Vivemos no presente, e desapegamos de resultados. E só então, chegamos ao nosso destino. Fazemos o que somos…

Como diz Jordan Peterson, na vida o jovem precisa fazer o sacrifício e se comprometer, adquirir responsabilidade para se tornar uma de suas possibilidades. Abrir mão das infinitas possibilidades da juventude, e ter as concretas experiências e memórias na velhice, ao contemplar qual das possibilidades escolheu de fato.

A ponte entre o potencial e a realização, é a responsabilidade. É o compromisso. E penso que o ser humano não pode abandonar a si mesmo, não pode rejeitar a si mesmo a experiência da vida. É muito amarga a dor do arrependimento verdadeiro. Como a perda de um grande amor. De não amar inteiramente o que amava, por ter sido derrotado por obstáculos e barreiras, sejam concretos e objetivos, ou subjetivos.

Quem não consegue se comprometer, não vive inteiramente. Quem negligencia a responsabilidade, tem uma grande parte da vida simplesmente interrompida, inexistente. Se comprometer diante das infinitas portas com a busca infinita pela perfeita escolha é cair em uma armadilha.

Vá! Escale sua montanha!

Os cinco compromissos

Admito, sempre tive problemas com compromissos. Quem nunca! Quando aprofundei sobre esse medo, foi massacrante. Ter medo de compromisso é não ter confiança na sua habilidade de se transformar no que seja necessário para honrar sua promessa. Não tenho medo de falhar, de me humilhar, tanto quanto de descobrir que não sou forte o bastante para me desapegar dos meus tesouros supérfluos, minhas crenças mais fundamentais. Ter medo de compromisso é ter medo de não ser capaz de ser transformado, de se transformar. De falhar fundamentalmente. De não ser capaz de aceitar morrer, para poder então ressuscitar.

Coragem moral, otimismo

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A realização do compromisso, te transforma. Mata seu eu antigo, cria uma nova identidade, mas com uma diferença importante da primeira identidade. Aprendemos que temos o poder de ter compromissos, como nosso primeiro provou. E se tivermos a verdadeira coragem moral, o otimismo, percebemos que viver, se transformar, é se comprometer.

Eu já tinha medo de casar, mas descobri que além do casamento na área dos relacionamentos, é salutar para mim me casar mais 3 vezes. Isto é, trancar-me em uma casa e jogar a chave fora.

Relacionamento íntimo e a família

Relacionamento afetivo

O casamento, clássico. Vejo que, se uma pessoa aceitar a missão do casamento – aqui investigo a tradição católica principalmente, embora aceite a universalidade dos princípios além dela -, ela aceita submeter sua vida sexual, sua vida reprodutiva, grande parte da vida social, etc. em um ‘negócio bem arriscado’. Se você não acredita em divórcio, se casar é admitir que se der ruim, ou você resolve a dificuldade ou vive um inferninho até morrer.

Não vale trair, não vale divorciar. Se a relação não estiver funcionando, não pode arrumar outra pessoa, não pode fugir do problema, sua vida sexual e reprodutiva está morta. Ou aceita o inferninho ou amadurece.

Amadurecer é fruto de comprometimento com a fé.

De acreditar que há um caminho a ser encontrado, superado e percorrido.

“Enquanto houver determinação, o caminho pode ser encontrado.”

– O Homem mais Rico da Babilônia

Vocação ou talento

Arte matemática

O segundo casamento é a aceitação do seu chamado pessoal, seu interesse e paixão irrestrita. Se comprometer com um “caminho profissional” é como se casar. Não pode trair, e nesse terreno, a consciência é a guardiã do vínculo (sempre é na verdade). Sempre há testemunha, e só a cegueira deliberada e a alienação pode anestesiar a angústia de não assumir seu talento, o seu compromisso com seu talento.

Ninguém se torna Excepcional em uma “trilha profissional” se esta não for a sua vocação.

Essa ideia de compromisso é mesmo radical… Mas creio que necessária frente à imaturidade em relação aos nossos compromissos e nossa própria palavra.

Filosofia e Fé

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O terceiro casamento é com os “hábitos morais e subjetivos”. É a educação permanente de nossa vontade. Aqui aprendemos a nos governar e cumprir nossa lei. É salutar que nos lembremos sempre: Compromissos nos libertam!

-Mas ta parecendo tirania! Uma prisão!

-Estamos aprendendo a nos comprometer. Estamos mudando quem somos. Quem nos tornamos, é capaz de se comprometer, e por isso, é verdadeiramente livre para fazer escolhas conscientes e cumprir essas escolhas.

-Então nos comprometemos para depois quebrar o compromisso? E fazer outros? Isso não nos torna hipócritas em relação aos primeiros?

-De fato. E sim! Faremos outros depois. Talvez não sejamos mesmo capazes de fazer votos para toda a vida, mas para atravessarmos o deserto, nos libertarmos das amarras dos limites humanos, precisamos de convicção. Tal que beira ao dogmatismo, ao fundamentalismo e ao obscurantismo. A total inflexibilidade. É um paradoxo estranho, mas ao mesmo tempo muito simples. Ao atravessar a primeira parte, é como se adentrássemos um novo território com novas regras. Entramos convictos, saímos livres. Exatamente por termos sido capazes de cumprir a meta.

-Entendo, somos hipócritas então. Abusamos da utilidade dos compromissos, e depois os descartamos. E nos tornamos mais perigosos com isso, somos agora capazes de cumprir promessas, e essas podem ser de destruição!

-Somos. Mas não precisamos abandonar compromissos antigos. E somos falhos. Não cumprimos mesmo com alguns dos primeiros, mas nossa jornada neles deve ter sido sincera. Quanto ao seu outro ponto, é por isso que não podemos abandonar algumas escolhas importantes, como a do compromisso do amadurecimento moral. O sistema que nos leva até o outro lado, da liberdade, mas também nos convence a não usá-la para o mal. (O que é o mal?)

“O único que que poderia recuperar a pedra filosofal seria aquele que quisesse encontrá-la, mas não usá-la.”

– Enigma de J.K Rowling, em Harry Potter e a Pedra Filosofal

Exatamente por nos transformar, o compromisso moral nos liberta também da tentação do uso da liberdade para fins apocalípticos. Paradoxal, mas o que leva a flexibilidade moral e serve como contrapeso e antídoto para o fanatismo, é o compromisso inflexível com a educação da vontade. O vínculo com a filosofia e a fé, no campo pessoal e interno. A sinceridade interior é ingrediente fundamental. A prática da virtude, um caminho importante.

Comunidade

The Hero with a Thousand Faces by Joseph Campbell

O último vínculo é o vocação humana para a vida em grupo. A conciliação entre as pessoas. O respeito à humanidade. A proteção contra o mal, a promoção da verdade e do conhecimento. O casamento com a comunidade é o significado coletivo para as pessoas, creio. Nós, como espécie, preservamos o passado, e o que aprendemos, para proteger o futuro.

Enquanto o passado for sincero, podemos avançar, humildemente. Enquanto o passado for sincero, podemos achar erros e corrigi-los. Podemos aprender rapidamente com nossos ancestrais o que aprenderam em toda uma vida, e expandir o território de prosperidade e harmonia da civilização.

O indivíduo que se abstém do compromisso com a comunidade, em minha opinião, perde uma dose tão grande de significado para a vida, que vejo, em minha idiossincrasia, a necessidade de estabelecer para mim o compromisso com a comunidade como parte dos meus valores.

Encerro minha reflexão sobre esse valor, A responsabilidade integral com a vida, afirmando que:

A responsabilidade é moderada, é sábia.

Cada um de nós tem muitas áreas na vida, e para sermos integrados com todo o nosso ser, precisamos tomar responsabilidade por tudo que somos e “queremos” ser. Nossa fé é o que fazemos, a responsabilidade com algo, é um ato de fé, de modo fundamental.

Fé naquele valor, expressa por meio de uma ação concreta. A prova mais verdadeira de uma crença. Prova da intenção, prova da coragem de assumir o risco, de caminhar na direção que aponta a esperança.

Não sabemos se o destino será realizado, mas nossa esperança não é inerte. Somos nós o agente realizador das nossas orações, somos nós o milagre capaz de mover montanhas… Uma pedra por vez.

Este valor em ações: Moderação ao fazer promessas, cumprir a exigência para realização de nossos valores, respeitar nosso ser, desapego ao supérfluo e à conveniência, reverência ao harmônico e ao equilíbrio, aprendizado contínuo permanente, investimento na curiosidade, flexibilidade com detalhes e determinação com a meta, princípio sobre regra, fé e oração.

“Sou instruído o suficiente para não ter superstições, mas, ainda assim, tenho-as.”

Fiódor Dostoiévski

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