Esta página é reflexo do meu preparo enquanto me graduo.

Documento posicionamentos pessoais e informações relevantes para apresentar o serviço de psicoterapia no futuro, quando me graduar.

Ressalto que a prática da psicoterapia não é prática privativa ou exclusiva de psicólogos, conforme a declaração categórica do CFP no lançamento da resolução 13/2022 sobre a prática da psicoterapia por psicólogos. A prática da psicoterapia, portanto, na legislação, pode ser exercida livremente por psicoterapeutas e terapeutas tanto como por psicólogos, mas não me intitulo terapeuta, ou psicoterapeuta, ou psicólogo, e nem presto o serviço de psicoterapia.

Sinta-se à vontade para falar comigo nos botões de WhatsApp, só quero deixar claro que ainda não atendo.

A linguagem em alguns textos, e verbos no presente, como: “utilizo”, “faço”, “penso”, “entendo”, “contrate-me”; podem levar à interpretação de que no presente exerço a função, mas coloco esta tarja para esclarecer este ponto também. Estes textos são construídos de forma a apresentar uma página em versão final, justamente para que esteja pronta quando me graduar, além disso representam minha posição atual frente aos assuntos, porque também há uma função documental para mim escrever sobre minha trajetória e mudanças de ideias ao longo do tempo.

Independência real

Independência e liberdade

Independência Financeira?

Refleti muito sobre a questão, sob ótica financeira, de se não ter que trabalhar para sustentar a vida. Poder ‘fazer’ o que bem entender. Mas conforme amadureci, percebi que não são os milhões na conta que fazem da prosperidade financeira objeto de tanto desejo. Em verdade, é a possibilidade sutil de poder comprar o que ver e desejar, acessar espaços e experiências. A possibilidade é o verdadeiro luxo. Não é o consumo dessas coisas (posses e experiências), mas a possibilidade de tê-las e experimentá-las a qualquer tempo.

A sensação que podemos responder como verdadeiramente sentimos, e pensamos, é um poder da liberdade financeira, até certo ponto. Esse estado emocional, porém, apesar de muitos benefícios, e alívio de ansiedades comuns, não define exatamente a liberdade individual.

Em minhas qualidades de engenheiro, equacionei nos centavos, os mais absurdos hábitos de consumo e desejos por experiências radicais (e caríssimas). O intuito era descobrir quanto custa toda a loucura. Foi quando, com a consciência financeira atual que tenho, cheguei a uma conclusão interessante: Em meus sonhos mais loucos não é necessário se ter bilhões de dólares, ilhas particulares, coberturas, casas de praia, aviões, helicópteros e uma Ferrari. Mesmo se quisesse essas experiências, com volume moderado de capital líquido, poderia ter acesso a todas elas sem comprometer o montante principal.

Dirigir uma Ferrari para uma viagem de fim de semana. Passear com a família em outro país, fazer um curso específico, mergulhar em corais. Cada atividade, ao consumir certo tempo na experiência e mais algum em reflexão posterior, e agradecimento, faz com que o capital trabalhando gere mais proventos, e assim, se reinicia o ciclo. Antes mesmo de terminar o primeiro.
Independência financeira

O que quero dizer é: após a euforia da liberdade financeira, nosso prisma de interpretação das experiências, e nossa sabedoria para desfrutar do tempo e da liberdade, que são os principais balizadores da harmonia, os recursos críticos. E mesmo com muitos sonhos, uma riqueza produzindo mais riqueza, exponencialmente, vai conseguir abastecer uma pessoa aritmética. Que vive dia após dia, e, mesmo freneticamente sonhando e realizando, tem um limite natural: seu tempo e sua criatividade.

A pergunta chave é: O que vai fazer com sua liberdade? Quanto custa sua paz?

Implicitamente, quero dizer que não é necessário possuir para desfrutar. Não é preciso ter uma Ferrari para dirigir uma, quando quiser. Não é preciso ser dono de uma cobertura com vista para a praia, para morar em uma. Com habilidades específicas, inteligência e autoconsciência é perfeitamente concebível desfrutar de imensa prosperidade, sem grandes ‘compromissos’.

Entenda, o que quero dizer é que a depender de nosso prisma e de nossas habilidades, uma situação é diferente em matéria de estresse e de desafio. Uma tarefa hercúlea para um aprendiz é um passa tempo para um mestre. Por exemplo, para quem sabe o princípio de alavanca, mover algo pesado pode ser menos complicado que para quem não conhece o princípio. Da mesma forma, ao adquirir consciência e habilidades, as situações e os sonhos (e mesmo os desafios cotidianos e mundanos) tornam-se simples, e objetivamente solucionáveis.

A situação: Dirigir uma Ferrari. Qual a alavanca? Como atingir o objetivo, em essência, da maneira mais inteligente possível?

Foi com base nessa ótica que comecei a refletir sobre o que é a verdadeira liberdade, para poder acessar as experiências que desejamos na vida. Naturalmente, ter dinheiro é um passo importante para viajar o mundo, mas de certa forma, é inútil para quem não tem definições e objetivos, ou consciência sobre como viver em harmonia, interna principalmente.

Indo para além da esfera financeira, o raciocínio é extrapolado.

Qual o destino emocional por trás de nossos sonhos? Qual o prisma mais vantajoso para encarar as situações dessa natureza? Qual a habilidade e o princípio que são como alavancas para atingir esse desejo? Qual a possibilidade que atingir esse sonho eu terei acesso? Qual alívio busco?
Inteligência gera independência e eficiência
Liberdade para curiosos
Eu sonhava, quando adolescente, em ser milionário, mas hoje penso: o que fazer com os milhões? Nossa hierarquia de valor muda com o tempo, e também nossas definições de sucesso e de prosperidade. Dessa forma, penso, o que dá a verdadeira liberdade mediante nossa mutável natureza?

E, especialmente àqueles espíritos que amam aprender coisas novas, conhecer culturas, se transformar e se descobrir?

Ou seja, nós que estamos aqui.
Liberdade para curiosos

Acesso às possibilidades, de maneira abundante, mas suficientemente moderada.

Essa é a meta para mapear como alcançar independência, a ‘verdadeira’. Moderada, pois, assim como no exemplo da riqueza material, há coisas que não precisamos “possuir”, se pudermos desfrutá-las e acessá-las.

O destino emocional é o verdadeiro desejo por trás de cada sonho. E nesse campo, não somos muito diferentes uns dos outros. Desejamos, em última instância, a felicidade. Aquela além do êxtase de satisfazer nosso delírio egoísta.

Entender sobre destinos emocionais e felicidade, é o que me fez perceber que a liberdade e a independência, são ilusões.

A realidade, é que somos sempre limitados por nosso prisma individual, nossos anseios e medos, e principalmente nossa inconsciência. Podemos, de maneira realista, reduzir nossa sensação de aprisionamento na Matrix. Atingir sensações de ampla segurança e confiança interna. De forma que, a liberdade, a independência verdadeira é:

Consciência & Competência

Se refletirmos sobre a situação do milionário, que nada possui, mas acessa qualquer coisa que deseje, ainda há um grilhão.

Seu montante principal.

O que o faz temer. Se perder essa árvore de riqueza, voltará à miséria? Se perder “tudo”?

Não se for verdadeiramente independente, ou seja, consciente e competente.
Independência e liberdade

Sobre isso, há 3 exemplos que menciono, para ilustrar esse pensamento: Steve Jobs, Eike Batista e Flávio Augusto da Silva. Cada uma dessas pessoas já experimentou, ou fez reflexões sobre a possibilidade de perda da riqueza, e de maneira adjacente, do prestígio. Nesses casos, busco perceber se é a riqueza que concede a liberdade.

Steve Jobs
Steve Jobs foi expulso da Apple, e aos 30 anos, todo seu legado havia sumido. O que estava construindo há uma década. Em Stanford, em seu famoso discurso aos graduandos de 2005, disse que diante do fracasso e de ser um novato mais uma vez, menos confiante em tudo, pôde perceber que ainda amava o que fazia. E ‘apenas’ com isso, reconstruiu e ampliou seu legado. Ele foi livre? De certa forma, penso que sim… A riqueza não o definiu, nem o limitou. Sua verdadeira fonte de liberdade e motivação eram outras coisas, daquela ele estava livre.
Eike Batista
Eike Batista foi o homem mais rico do Brasil e teve uma trajetória meteórica de sucesso profissional, e de prosperidade material. Mas seu império ruiu após uma grande série de eventos, que o forçaram a retornar ao início da jornada, apenas com a sabedoria e a competência do passado. Em seus relatos posteriores, ele dizia que voltaria. E de certa forma, voltou. Não nas proporções titânicas de sua juventude, mas o fracasso não o definiu. Ele foi livre? Penso que sim. Uma pessoa preserva sua essência, sua competência e sua consciência.
Eike Batista

Flávio Augusto da Silva, apesar de não ter experimentado episódios tão trágicos em sua trajetória sempre expressou de maneira viva seu medo principal: perder a essência. E refletiu em algumas ocasiões como seria sua reação se perdesse tudo. Em sua análise, ele reconstruiria tudo em um terço do tempo. Sinceramente, acredito nele. Mais do que qualquer coisa, é a nossa identidade a última fronteira de nossas possibilidades, e nós governamos essa definição. Em seu livro Ponto de Inflexão, ele relata em um episódio de sua vida, já poderoso e rico, que ainda é o mesmo sujeito que estava no ônibus lotado no Jaburu. E, acredito nele. O ‘zero à esquerda’ no ônibus não pode acreditar que é um nada assim como os poderosos e famosos não podem acreditar que são tudo. Somos sempre os mesmos, e é em nós que devemos confiar e a nós mesmos devemos nossa fé. Ele é livre? Penso que sim. Novamente, não é a riqueza que concede a liberdade.

Neste ponto, creio estar clareando do que se trata independência e liberdade.

Consciência e competência.

É absolutamente importante tornar-se protagonista de suas escolhas para libertar-se da coersão externa. A consciência é um tópico profundo e complexo, mas de maneira simples é a percepção e sensibilidade para saber os próprios limites, a própria realidade e identidade, e finalmente, a essência autêntica. É preciso estar consciente do que se está aprisionado para tornar-se eventualmente livre.

A competência é o aspecto que invoca o poder protagonista para fazer escolhas e lidar com a realidade. Sobre esta, também complexa e profunda característica, por hora basta dizer que é a fonte absoluta de confiança, e principalmente, autoconfiança. Ela emana, afinal.

Sobre o relacionamento entre a competência e a liberdade, neste instante, basta dizer que é a sensação de segurança ampla, a necessidade primordial para o sentimento essencialista da liberdade. Exatamente por nos sentirmos seguros, acessamos criatividade e escolhas autênticas.

Sobre isto, um exemplo me vem a mente:

Ao lado do Hall Sidney Smith, na universidade de Toronto, Canada, várias crianças brincavam de skate nos corrimãos, escadarias, etc. As crianças, quase todas garotos, negavam o uso dos equipamentos de segurança. O ponto era triunfar sobre o perigo, não estarem seguras. Em verdade, o valor e a felicidade da aventura estava justamente em correrem algum perigo. O respeito e recompensa social, era a reputação de ser competente.

“É a competência que faz as pessoas tão seguras quanto é possível que possam verdadeiramente estarem.”

– Jordan B. Peterson, 12 Regras para Vida

Regra 11, Jordan B. Peterson
Regra 11 - Não incomode as crianças quando estão andando de skate.

Para a vastidão de desafios comuns a todas as pessoas, há algumas competências que hoje julgo potencialmente transformadoras. Dentre essas, creio haver uma semelhança em todas, a qual atribuo a fonte de seus poderes: Elas exigem consciência própria para serem capazes de realizar sua promessa. Todas elas, exigem autenticidade para serem efetivas.

Quero deixar claro também, que essas competências são as que acredito serem perenes. Aquelas que apesar da tecnologia, e as mudanças do mundo, serão sempre fonte de muito poder pessoal. Ainda comentarei sobre outras habilidades relevantes para o nosso tempo, mas antes menciono quais são as fundações do que hoje enxergo como as chaves da independência ‘verdadeira’.

Como as pessoas conquistam liberdade, "rapidamente"?

Self-Reliance

Ralph Waldo Emerson
Ralph Waldo Emerson

Comecemos pela que não tem uma tradução tão boa, por isso a anuncio em inglês mesmo. O significado dessa virtude, ou princípio, e também habilidade, é ‘autoconfiança’. Entretanto, há um aspecto adicional que eu traduziria como autossuficiência. Essa habilidade, creio ser um amalgama de autoconfiança, fé, otimismo racional, independência intelectual e autocontrole. Além disso, em última instância, um ato de fé forte em si próprio.

Essa habilidade, de exercer caráter e presença, ouvindo a própria intuição e tornando-a realidade por meio de atos, colocações e forte posicionamento, torna-se com o tempo um pilar de força para continuar no caminho da autenticidade. E, como dizia Ralph Waldo Emerson: força de caráter é cumulativa.  Há, porém, muito o que aprender sobre determinação pessoal. Não se trata afinal de fé cega, ou otimismo falso.

Uma primeira concepção que julgo ser basilar para o propósito de se libertar e ser independente é a própria distinção entre autoconfiança e ­self-reliance. A primeira é um sentimento, de ser capaz de ver potencial internamente. É uma atitude mental. A segunda é o poder de ‘ir’ com esta crença, torná-la convicção, mesmo que por instantes. Fazer o que visualizados. Trata-se de uma atitude prática. É acreditar que sua opinião e julgamento são o bastante.

É preciso notar também que esta habilidade não pode ser fabricada sem auto aceitação e apenas com treinamento cego. É um ‘músculo etéreo’ ou ‘psicológico’ dentro de nossa consciência. Não há automação, ou assimilação inconsciente à esfera da subconsciência, por mais paradoxal que isso pareça. Não há aquela facilidade de que nosso corpo e nossos sentimentos gerenciam o que nos acontecem, praticamente sozinhos, independentes do esforço consciente. Para esta habilidade há necessariamente participação da consciência ativa.

Isso se tornou claro para mim em um diálogo entre discípulo e mestre, em uma linda história de superação que gostava de assistir na infância, e com o passar do tempo, quando as lutas perdiam os holofotes para os diálogos, que percebi um ensinamento de forma muito clara.

O discípulo em questão é exemplar em sua disciplina e força de vontade, e de certo modo, essa paixão tão pura que fez a reflexão brilhar. Segue:

O mestre observa o discípulo treinar por horas. E mesmo de longe, percebe seu empenho nos olhos do aprendiz. Após muitas horas o aprendiz está abatido e distante, como se seu espírito tivesse quebrado. O mestre se aproxima, e o aprendiz já diz prontamente que sente muito pelos fracassos e erros do passado, mas o mestre diz que sabe que ele é diferente dos outros, que não é tão talentoso ou competente, e que precisa treinar muito, porém tem um dom especial. Que não é chamativo, mas talvez o mais importante. O aprendiz diz que não precisa dizer coisas para que ele se sinta melhor, e o mestre diz:

– Acha que eu perderia meu tempo com isso? Não… Só estou dizendo que você tem o dom da perseverança e isso o torna um gênio também.

– Isso é verdade mestre? Sabe… eu pensava assim. E acreditava que se tentasse mais duro, talvez 3 ou 4 vezes mais, eu me tornaria forte o suficiente. Mas agora… eu não estou tão seguro. Eu não sei se serei capaz de trabalhar duro o suficiente para vencer o verdadeiro talento. Eu continuo pensando que todos os meus esforços um dia eventualmente vão valer a pena, mas sempre é a mesma coisa. Eu não sou páreo… toda vez que estamos em uma missão sempre sinto minhas pernas tremerem. Eu não sei se posso suportar. As vezes parece que tudo não tem nenhum sentido… como se eu sou perdedor, e sempre serei um perdedor. Eu não sei o que fazer…

– Você está certo, todos os esforços são sem sentido…

Se você não acreditar em si mesmo.
Essa conversa, deixou claro para mim que mesmo munido de perseverança e de ética. E de certa forma, estar totalmente comprometido com um propósito pessoal, não é, por mais duro que possa parecer, suficiente para alcançar o destino emocional e o sucesso almejado. No caso em questão, a liberdade e a independência verdadeira. Porém há algo muito bom a perceber: pelo menos, toda a perseverança e trabalho duro levam o aprendiz ao seu limite, e isso eleva a sua sensibilidade ao máximo. Para receber a sabedoria profunda.

As primeiras virtudes nos conduzem pelo caos da vida, capturando os ingredientes necessários para nossos Pontos de Inflexão, e o mérito dessas virtudes está em nos proporcionar as situações e o presente perfeito para que alcancemos a profunda compreensão do que está adjacente aos nossos mais autênticos sonhos e desejos. Elas também são os agentes que nos lapida e prepara para os momentos de clarividência e transformação.

O fechamento desta habilidade está no ato consciente, mental e prático, de viver autenticamente e confiante em sua pessoa. Saber que mesmo investindo muito, trabalhando de forma diligente e com afinco, tudo ainda pode ruir. O grande estalo está em encontrar a confiança verdadeira em si, e dessa forma, se atinge e se vive o que se deseja. Assim, se vive no presente e em paz.

Para o desenvolvimento desta habilidade, deixo aqui 2 recomendações e uma pergunta.

Invictus

por Willian E. Henley

“Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu – eterno e espesso,
A qualquer deus – se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei – e ainda trago
Minha cabeça – embora em sangue – ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda – eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.”

Mandela
Poema que inspirou Nelson Mandela (1918-2013), durante os anos que esteve preso, antes de assumir a presidência da África do Sul

Self-Reliance

por Ralph Waldo Emerson

“O homem é a sua própria estrela; e a alma, que pode torná-lo honesto e perfeito, comanda toda a luz, toda a influência, todo o destino. Nada lhe acontece cedo ou tarde demais. Os nossos atos são os nossos anjos, bons ou maus. São as nossas sombras do destino que caminham ao nosso lado.”

Epílogo de Fortuna do Homem Honesto, de Beaumont e Fletcher

“As pessoas deveriam aprender a detectar e a observar o brilho de luz que, vindo de seu interior, atravessa sua mente, mais do que o brilho do céu de bardos e sábios. Contudo, o homem descarta sem aviso prévio este seu pensamento, pelo fato dele vir de si mesmo.

[…]

Perdoe a si mesmo e receberás a aprovação do mundo.”

– Trechos de Ensaios (Autoconfiança), por Ralph Waldo Emerson

Compre uma cópia do exemplar na Amazon.

Acesse na internet, ou faça o download do texto self-reliance (Autoconfiança) nos links abaixo.

O que será necessário para que você acredite em si mesmo?

Escala

A segunda habilidade que creio ser de grande valia afim de conquistar independência ampla é a de pensar em escala. Ou seja, pensar grande e multiplicar o efeito de ações intencionais. Além disso, implicitamente, está o conceito de alinhar interesses e integrar sinergia aos esforços deliberados. Isso significa dizer também que é necessário ter perspectiva e estrategia inteligente.

A intensidade associada a encarar o mundo com esse prisma eleva riscos também, de certo modo, escalar uma ação estúpida só faz dela mais poderosa em seu efeito destrutivo. E é por isso que autoconsciência e humildade são aliados poderosos para esta atitude. Nós testamos e aprendemos ideias sempre em escala pequena, buscando entender o que faz cada ideia funcionar, e uma vez que julguemos entender o princípio por trás do sucesso de nossos experimentos pequenos, os tornamos progressivamente maiores.

Isto exposto, deixe-me exemplificar esta ideia.
Dominós caindo em cadeia
A chave para multiplicar resultados é encontrar a clareza sobre o que define o sucesso e sequenciar todo o processo de forma que seu esforço se torne apenas empurrar o primeiro dominó e observar toda a reação em cadeia.

Imagine uma pessoa que cozinhe brigadeiros para vender. É parte do trabalho adquirir os ingredientes, preparar os doces, embalar e prospectar os clientes. Uma única pessoa fazendo todas as atividades dá um bom trabalho, mas também pode haver bons resultados.

Entretanto, se houver mais uma pessoa ajudando ela a realizar uma tarefa específica, pode ser que o esforço total das duas pessoas resulte em mais que o dobro do resultado (expectativa natural gerada, quando duas pessoas participam do empreendimento), mas há uma pegadinha: Pode ser também que renda menos também, que o resultado do primeiro indivíduo trabalhando só.

Qual a diferença entre situações?

Sincronia, comunicação e competências diferentes.

A chave para a multiplicação de resultados é o entendimento total do processo que estamos inseridos. Consciência.

O entendimento do que é importante em cada etapa. Quais são os desafios e quais são as exigências. O problema é que entender um processo por inteiro, em profundidade suficiente para enxergar a escalabilidade, exige esforço. E não um esforço tradicional, mas de uma incomum complexidade.
O desafio está em responder à pergunta: quão complexo é tornar isso simples?
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Uma única pessoa pode conseguir encontrar uma resposta suficientemente satisfatória para elevar a produtividade de qualquer ação necessária de um processo, mas a natureza da habilidade de escalar é a mesma de aprender coisas novas. É necessário questionamento constante e desejo de otimização, ou seja, ser mais eficiente e continuar a ser efetivo.

No exemplo dos brigadeiros, uma pessoa que preparar 100 doces em um dia e um vendedor vender todos os 100 no mesmo dia, faz surgir naturalmente a pergunta: podemos ser melhores?

Se quem prepara os brigadeiros é capaz de disponibilizar 500 doces diariamente, com mudanças em seu processo e maximizando o efeito de suas habilidades e ferramentas, forçará também o vendedor a se reinventar.

– Vendo mais unidades de uma vez? Busco outro tipo de compradores? Peço mais ajuda para outras pessoas? Formo uma equipe?

Perceba que, embora neste caso foi o sucesso que despertou a curiosidade para ampliar os resultados, é possível perceber a situação apenas com curiosidade e imaginação consciente. Imaginação e perspectiva.

As habilidades humanas, quando exploradas, são capazes de elevar imensamente o impacto de suas ações.

O que afirmo neste contexto, associando a independência e a liberdade à ideia de escalabilidade, é que para libertar-se de amarras, principalmente de tempo, é preciso ser eficiente. E, conceitualmente, escalar significa multiplicar o efeito dos esforços com suficiente consciência e assertividade.

Naturalmente, pensar em escala significa abrir mão do conforto primário de fazer algo que se faz bem. Entenda, a paixão pela excelência e o prazer pela realização de um trabalho bem feito é uma fonte perigosa de aprisionamento também. E expandir consciência, se perguntando o que permeia e constitui a essência de cada ação, de cada parte do processo de realização de um trabalho excelente, exige muita determinação e humildade. Para reinventar o que já é bom e funcional em replicável e efetivo. É extremamente difícil desafiar algo já funcional e criado por nós mesmos, mas é a essência do pensamento em escala, colocar o raio no jarro.

E desse entendimento superior, vem a fortuna. Afinal, quem tem uma raio capturado na palma da mão? A grande ideia, não é o resultado de uma investigação, é o próprio poder de capturar os raios. De compreender de modo tão profundo um processo, um trabalho, que se torna possível conceber uma abordagem nova, mais inteligente e poderosa para a realização de ideias e pensamentos.
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Uma amiga, muito realizadora, me falou seu mantra em relação ao sucesso, que creio ser muito útil nesta reflexão em particular:

“O sucesso se constrói à noite.”

É preciso sobre-esforço, insistir além do que todos fazem durante o dia. Figurativamente, a ideia representa que é preciso fazer algo diferente do que o diário, cotidiano, para descobrir algo melhor e maior. O sucesso, seja lá como o visualizemos, é distinto da realidade em que vivemos, caso estejamos empreendendo algum sobre-esforço. Sendo a realidade o fator limitante, o sucesso mora além do convencional.

Para imaginar uma nova possibilidade e otimizar algo que já funciona significa trabalhar mais. Mas não no sentido tradicional, mas no sentido exploratório. Dentro do campo das incertezas e das possibilidades. Há muitas coisas que fazemos, por necessidade e por desejo, que consomem nossa energia, mas também nos educa se estivermos atentos.

Há muitas coisas que fazemos sempre, e já percebemos que faz parte da vida. Nossos hábitos, por exemplo. Nossas inclinações e preferências. Essas coisas, especialmente, que são e provavelmente serão frequentes em nossas vidas, têm grande peso na determinação de nossa direção e evolução. Por isso, é vital observar as partes desconectadas em nossa rotina e ritmo pessoal.

Observar também, o nosso processo de amadurecer ideias e sentimentos. Perceber em profundidade nossa realidade pessoal, para que com sabedoria e perspectiva possamos aliar nossos esforços naturais às possibilidades dos nossos contextos. Criar sinergias de imenso poder para nos colocar em movimento em direção ao que almejamos sinceramente.

Questione-se: Como multiplicar? Como integrar?

Uma semente em sua mão pode ser uma floresta inteira. O poder de visualização, e de perspectiva ampla e otimista, dá ao indivíduo sensibilidade para perceber a interconexão entre os elementos da natureza. Além disso, desenvolve temperança para lidar com adversidades e o ritmo da natureza.

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O despertar do aspecto visionário da natureza humana está intrínseco à sua forma de questionar-se, de perceber-se. Com o intuito frequente de buscar otimizar, encontramos formas de fazer o que fazemos de maneira ampla, impactante e menos consumidora de nossas energias.

Embora tenha exposto o conceito em situações simples, é primordial entender que pensar de forma a encontrar escalabilidade em nossas ações significa também tornar-se essencialista. Focado no que é importante. Dessa forma, será capaz de comunicar objetivos e a essência das coisas.

As pessoas que tomam consciência de discursos simples, focados e essencialistas, eventualmente participam de nossa jornada e oferecem muito conhecimento. Alguns invisíveis à nós, mas pela clareza da essência de nossas intenções, tornam-se úteis e acessíveis ainda assim. As pessoas que compartilham o caminho conosco, e olham na mesma direção, somam sua experiência e habilidades, tornando fluido o processo e ajudando no movimento.

Esse poder, do alinhamento de interesses, é também mérito da concepção de escalabilidade. De focar na essência das etapas e na conexão entre as partes de um grande processo, cujo objetivo são nossas intenções e sonhos.
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A liderança, é a chave mais forte da escala. É consequência da clareza de intenção, da humildade de busca pela evolução e da perseverança no exercício da competência.

Por fim, comento que enxergar a vida dessa maneira requer atenção. Conectar ideias aparentemente flutuantes e aparentemente sozinhas é quase um ato artístico, de grande sensibilidade, ao mesmo tempo em que é científico e racional. É preciso sermos completos.

Usar conexões de forma inteligente é uma boa aproximação de estrategia. Significa atingir objetivos e conectar sinergia entre ideias e pessoas, usando de forma consciente os seus e os talentos delas. É para mim, uma expressão completa de carisma, inteligência e autoconsciência.

“A natureza não dá saltos. O homem é uma criatura aritmética, pensa de forma linear.”

Dessa concepção, penso: É por isso que é difícil pensar de forma exponencial, mas ao mesmo tempo, por isso é tão valoroso explorar as possibilidades das ideias humanas. Se acreditamos em nossos limites, mesmo que os naturais, seremos para sempre os mesmos. E, a natureza está sempre em movimento, está em nós a força para expandir os limites das possibilidades e da evolução.

Comunicação

Comunicação é para mim a conexão entre a intenção e a compreensão. Essa ideia surgiu após refletir sobre um filme baseado na obra de mesmo nome, de Peter Handke, chamado Cidade dos Anjos.

Na história, os anjos eram capazes de entender todos os idiomas enquanto acompanhavam as pessoas do mundo. Não havia ruído, barreiras culturais ou mal-entendidos. Em minha imaginação, pensei que até mesmo palavras sem tradução em algumas culturas poderiam ser entendidas completamente por um anjo.

A capacidade de entender a intenção e o significado era a habilidade dos anjos. Ainda que as pessoas não soubessem do que estavam falando, o significado original de símbolos e de palavras, os anjos podiam entender as perspectivas e intenções delas ao se expressarem. Magnífico, não?
Partindo dessa reflexão, pensei sobre o que significa saber se expressar. Se comunicar verdadeiramente. Confesso que este ainda é um pensamento incompleto, mas ainda assim, já valioso.

Penso, a comunicação ser uma chave para a independência verdadeira, especialmente quando a habilidade usufrui de sinergia com as outras nesta lista, pois aprender a se conectar, para aprender e descobrir respostas para nossas perguntas e idiossincrasias, é fundamental em nosso processo de descoberta sobre o significado individual da liberdade.

Além disso, nos expressar e dar voz ao que sentimos, somos, recordamos e percebemos, é não nos render à prisão de nossa individualidade. Entendo que, apesar da reflexão e do silêncio serem aliados poderosos em ocasiões, não expressar o que está dentro pode ser uma forma de covardia e de autossabotagem. Em alguns momentos, nosso papel é singularmente encarar de frente situações internas que nos incomodam, mas que não conseguimos elaborar sozinhos. É comunicar o que sentimos. Significa entender a intencionalidade de nossa expressão inconsciente (subconsciente). Sentimentos talvez sejam as expressões mais assertivas de nossas necessidades e desejos, mas esta é apenas uma suposição…
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Alguns de nós encontra na escrita uma forma de esclarecer essas pontas soltas. Mas uma pessoa é limitada no número de assuntos que consegue pensar claramente, e escrever sobre. A alternativa efetiva comumente mais acessível é a fala. Falando e se relacionando, se obtém clareza sobre o significado de nossos estados interiores.

Nossa individualidade pode ser uma prisão, pois impede-nos de acessar compreensões mais profundas sobre os fenômenos que nos acontecem, das quais é extremamente difícil aprender sem ajuda ou relacionamentos.
Outro aspecto libertador originado pela habilidade de comunicar-se bem, é a de romper os limites de nossas esferas sociais. Se apresentar, criar conexão com estranhos e explorar novas perspectivas é amadurecer nossa concepção sobre o significado das coisas. Estando aprisionados à uma definição política, ou cultural, ou tradicional, somos escravizados ao não questionamento de aspecto que nos cercam, e muito provavelmente, nos influenciam.
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“Você é a média das cinco pessoas com quem mais convive.”

– Jim Rohn

Embora eu seja entusiasta e acredite na força de caráter individual, seria estupidez negar a imensa influência que recebemos diariamente. Desenvolvemos viés, heurísticas e tendências, inconscientemente. Atentar-se à nossas origens, e forças que nos influenciam permite libertarmos de escolhas automáticas e não refletidas. Basicamente, não ser controlado por influência que não escolhemos aceitar.

Sabe, conhecer os fluxos de influência que nos cercam, sejam culturais ou biológicos, nos possibilita perceber que muitos dos limites e definições são passíveis do escrutínio comum, mas que não são imunes à evolução da compreensão da humanidade sobre o mundo. Cada experiência nova, em essência, abre a possibilidade de se desafiar premissas antigas. Mas é crucial saber se posicionar e elaborar reinterpretações.
The Hero with a Thousand Faces by Joseph Campbell
O herói de mil faces, por Joseph Campbell
O ponto principal que quero provocar, é que apenas expandindo nossos limites podemos observar com melhor ângulo e perspectiva nossa própria realidade e identidade, e munidos desse prisma podemos agir do modo inteligente e efetivo. Sendo muitos desses limites nossos medos sociais, e falta de habilidade de se comunicar verdadeiramente, penso ser fundamental a chave da boa comunicação para acessar maior autossuficiência, liberdade e independência.
A comunicação é uma palavra pesada, no sentido de englobar tantos fatores e canais de expressão. Nos comunicamos de muitas formas, e exatamente por isso, buscamos não nos tornarmos reféns de mensagens involuntárias falsas, ou não intencionais, que emitimos.

Em termos objetivos, aprender a se comunicar bem inclui aprender a se perceber, se aceitar, ser genuíno e autêntico. Isso é tão importante, que apenas aqueles que dominam sua própria expressividade exercem grande poder para se tornar influências relevantes no contexto global.

Destaco que a influência, por meio da comunicação (oratória principalmente), é uma das forças mais poderosas que podemos acessar para mover o mundo ao nosso redor nos tempos atuais. Entendo como parte fundamental do processo de construção da independência e da liberdade, pois determinar de forma precisa nossos desejos, visões e objetivos, faz-nos perceber as partes essenciais e faltantes na realidade e que, por intermédio de nossa influência, ações e palavras, serão acrescentadas e constituintes de nossa visão original.

Entretanto, o mundo não se move conforme nossa intencionalidade sem resistência, essa, além de nos impedir, também adiciona valor ao esforço de tentar. Para moldar nossa realidade conforme nossa visão e desejo, precisamos aprender a navegar no mundo das coisas, estabelecer alianças e confiança sustentável. Aprender a vender, negociar, articular, organizar.

Esse entendimento, das regras do mundo das coisas e das outras pessoas (e suas idiossincrasias), permite que articulemos nosso arsenal interno e os fatores externos, argumentos racionais e emocionais, de modo a criar os caminhos mais diretos possíveis para que alcancemos nossos objetivos, exercendo nossa influência. Esta sendo, minimamente, de ocupar no mundo nosso espaço, da forma que escolhemos voluntariamente, e insistimos em empreender, ou resultados e realidades tangíveis (símbolos) que incorporam a essência de nossa mensagem.
Linguagem corporal e sinais
Oratória, discurso público e apresentações
Expressões faciais
Carisma
Tom de voz, sonoridade e timbre
Vestimenta, higiene, odor e etiqueta
Negociação, persuassão e vendas
Comunicação escrita, criatividade, vocabulário e coesão
Retórica, argumentação e articulação
Percebemos que existem percepções, e nexos de causalidade, entre a apresentação de alguns aspectos, e a associação desses aspectos à significados predominantes, comuns e aceitáveis (Dentro de um contexto temporal, e cultural, específicos). Por exemplo, tatuagens expressas em algumas pessoas, ainda que tenham significados específicos, são interpretados de maneira errônea pelas pessoas externas à realidade do indivíduo, e o prisma diferenciado do agente externo supõe associações não verdadeiras, e por vezes preconceituosas, a respeito do significado do fato. Essas percepções, à nível subconsciente molda pensamentos, e estes ações, que contribuem para o desenrolar de eventos da realidade em determinada direção. É por vezes contraproducente. Dessa maneira, é importante compreender as implicações em nossas vidas de nossas escolhas e expressão.

Desenvolver a habilidade de comunicação, penso ser um processo criativo. É afinal das limitações e restrições, das condições pré-fixadas, que nós criamos as soluções mais efetivas para vencê-las. Ser autêntico, envolve ser criativo. Há muito debate entre as correntes de pensamento que o homem se cria ou se descobre, mas em qualquer uma, a criatividade para trilhar o caminho para a própria identidade e autenticidade é uma necessidade.

Self-authoring program cover photo, Jordan B. Peterson’s copyrights reserved

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Self Authoring Program cover photo, Jordan B. Peterson copyrights reserved
Percebo que, a criatividade é tão íntima à comunicação que apenas pessoas comprometidas e muito livres de padrões podem acessar e criar mensagens brilhantes. Veja, excelentes oradores normalmente são leitores vorazes, artistas famosos são amalgama de múltiplas influências, comunicadores competentes são resultado de misturas vastas de experiências. Essa expansibilidade, acesso à muitos potenciais e realidades, liberdade de imaginação e de interpretação para tocar muitos mundos, e fazer associações inusitadas, é o entendimento moderno de criatividade. Criatividade é conectar. De certo modo, ainda é um mistério o ato de se inspirar para expressar algo genuinamente original.

Desse ponto, reforço apenas que desenvolver a comunicação significa amadurecer o interesse pela experiência e a observação. Mesmo pessoas muito carismáticas que não foram grandes pensadores, foram de certo modo muito experimentadas e intensas em suas experiências. Pode soar repetitivo, mas reflexão profunda e a jornada interior, sincera e perseverante, é o que faz florescer e amadurecer o caráter humano. É importante notar, que a liberdade e o poder em si, pertence aqueles que se desenvolveram além das convenções ordinárias.

Novamente, é necessária a elaboração consciente dos sentimentos e nossa identidade genuína, para agir com coragem e vencer as barreiras que nublam a compreensão de nossa intencionalidade e também de nossas faltas, que são imprecisões em nossa forma de se comunicar. Posicionar-nos no mundo, afim de nos tornarmos protagonistas da mudança natural da humanidade, por mais paradoxal que soe tal frase. Em verdade, uma pessoa que se liberte além de certo ponto, de influências externas, e elabore sua própria mensagem, por meio de sua vida (em todos os aspectos), é transformada em nova influência para o mundo. Ainda que esteja inconsciente de sua influência. Somos responsáveis por nossas escolhas e suas consequências, mesmo as escolhas inconscientes.

Penso que entender esse ciclo, e jogo de influências, possam despertar a empatia. Sendo nós mesmos portadores de mensagens autênticas e canal de outras, podemos assumir de forma razoavelmente segura que assim é para outros. Dessa percepção, do emaranhado de forças que nos moldam e moldam outras pessoas, e também da autopercepção que desenvolvemos para elaborar e expressar nossos estados internos e intenções, podemos observar com compaixão e verdadeiro entendimento sobre a complexidade do processo de outra pessoa.
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Eis a chave da influência consciente, não o uso inteligente e manipulativo da causalidade e indução de interpretações baseado nos fatores naturais de influência, mas empatia ativa, pura e simples. É do entendimento do processo humano, de aceitar ou rejeitar acontecimentos, sentir e significar emoções, elaborar sentimentos, resistir e fugir de desconforto, buscar a própria identidade única, que podemos ser precisos e efetivos na comunicação de nossa intenção. Isto é, se desejarmos aceitação de nossa mensagem, voluntariamente, por outros.

Perceber com precisão o momento, a complexidade, o desejo, a intenção de uma pessoa, é o que possibilita a realização de influência verdadeira. Estarmos munidos dessa habilidade tão formidável, de verdadeira percepção e assertividade, autocontrole e clareza de pensamento, permite que naveguemos em nossa própria vida com imenso poder, autonomia e liberdade.
Em minha investigação, no campo da comunicação, busquei aprender a atuar. E foi surpreendente descobrir a íntima relação que existe entre empatia e atuação.

Conheci por meio da atuação, a mentalidade da atriz Natalie Portman. Na ocasião, ela descrevia seu trabalho como atriz, os filmes que participou, as histórias que buscava contar. Sua conclusão, foi surpreendente para mim. Por serem as histórias as melhores formas de comunicar uma mensagem, a empatia para se colocar no lugar de personagens e aprender com eles, por meio de uma experiência catártica, é a chave para aprender percepções profundas sobre a realidade universal (interna, das coisas, dos outros).
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"Atuar é um ato de empatia ativa." - Natalie Portman
Para de fato interpretar um personagem, entregar uma mensagem genuína e profunda, um ator precisa da empatia completa para entrar no corpo de uma personagem. Atuação é, de uma forma singela, um ato de grande empatia, apesar da antagônica e comum definição da dissimulação e falsidade. Aprender empatia por meio da atuação é um exercício que humaniza.

É curioso pensar, que ao tirar uma máscara de um personagem, nossa face herda os moldes de seus traços, mas justamente por sermos capazes de saber é sentir como aquela face é, nos atentemos como nós mesmos nos sentimos também. Ao caírem todas as máscaras, ao conhecermos muitas experiências, lermos muitos livros, ouvir tantas histórias, o que escolhemos preservar? Qual é a nossa autêntica e mais poderosa forma, e que ela quer comunicar? O processo de aprender a se comunicar é um grande passo para definir nossa personalidade. Nos possibilita fazer muitas escolhas.

Um pensamento final. E a comunicação manipulativa?

Esta também só é acessível às pessoas despertas, conscientes e, de certo modo, empáticas. Isto é, capazes de perceber os estados internos de outros, e baseado neste conhecimento agir de modo preciso para atingir resultados específicos, consciente das prováveis reações e sensações do processo, dada sua própria experiência e observação.

Reservo uma reflexão final: Atingir a liberdade (de nos livramos de nossas prisões individuais e das influências externas não elaboradas e resistentes às nossas intenções) e poder ser uma força que molda a realidade e direciona os objetos e as pessoas à um caminho específico (e ainda, é capaz de intervir de forma precisa e intencional no mundo externo e internos de outros) requer ética e responsabilidade? Em resumo, verdadeira e efetiva habilidade de se comunicar e desenhar conclusões implica em responsabilidade?

Penso que, novamente liberdade é uma ilusão. E embora se conquiste muito poder em sua busca, a compreensão final sempre culmina em autoresponsabilidade. Mas ser prisioneiro inconsciente, de si mesmo e de influências externas, visíveis ou invisíveis, não seriam um destino pior?

Minha conclusão: é preciso coragem para assumir a liberdade verdadeira.

Competência e consciência é a maior fonte de segurança, pessoal e para outros também, e ainda que a liberdade implique em responsabilidade, é preferível ao fardo da alienação e do medo. A autoconfiança que a competência traz, especialmente na habilidade de se comunicar bem, é um aliado sem igual para romper nossos limites e consagrar verdadeiras mudanças em nossa realidade.

Para o amadurecimento das habilidades de comunicação, recomendo a seção de recursos de comunicação, com ênfase no curso de oratória online Vox2You ON e o livro O Mito do Carisma.

Seja Autodidata

Aprender a aprender.

Uma das melhores decisões, ou melhor dizendo, investimentos que uma pessoa pode fazer para se tornar independente e livre, é a de aprender “sozinha”. É estranho pensar em autodidatismo sem reconhecer que é justamente o contrário do que normalmente se imagina.

Deixe-me deixar isto claro. O autodidata, em 99% dos casos, não “reinventa a roda” quando estuda um tópico. Em verdade, sua investigação é baseada primariamente na premissa que alguém já desenvolveu profundamente algum raciocínio sobre seu assunto de interesse.

É de fato extremamente raro a concepção de ideias verdadeiramente originais, e, dessa forma, manter em mente que se tornar autodidata é, em grande parte, o ato de restabelecer crenças basilares no processo individual de aprendizado, pode ajudar enormemente uma pessoa a conquistar essa magnifica habilidade de pensar de forma independente.

Sendo a mente um importante personagem que dirige nosso ser, torná-la independente é fundamental para nossa busca pela liberdade.

Essencialmente, o autodidata é o estudante que aprende por meio de suas próprias perguntas. Em sua humilde sinceridade, quando trava em um raciocínio sobre um assunto de particular interesse ao indivíduo, produz questões.

É importante notar que essas questões podem até mesmo conduzi-lo para mais longe da verdade (como entidade que sacia a sede de continuar a investigar determinada disciplina), mas ainda assim, tornará mais forte sua habilidade de elaborar perguntas autenticamente, e progressivamente mais assertivas.
É certo que sempre temos alguma concepção incorreta ou incompleta.
Autodidata
É certo que sempre temos alguma concepção incorreta ou incompleta.
Desse modo, é suficientemente razoável interpretar autodidatismo como o método socrático de aprender e investigar o conhecimento. O método conduzido por perguntas autênticas pelo aluno. Não estranhamente, uma pessoa movida por sua curiosidade apresentará compreensão em maior profundidade do que aqueles que aprendem por repetição e dogmatismo inconsciente.
“O conhecimento não pode ser empurrado para a mente. Deve ser puxado por ela.”

Um ponto de interesse, adicionalmente, é que uma pessoa que assuma a responsabilidade por seu próprio raciocínio, e elabore perguntas para motivar-se a clarear sobre a própria ignorância, ainda precisa enfrentar mais uma importante decisão: a quem perguntar.
Quem é o mestre na lúdica história de um discípulo e um mestre?

A resposta é: quem (ou o que) puder apresentar razoabilidade em suas afirmações, e suficiente coragem/transparência para conduzir o curioso por seu raciocínio (ou origem).

Além do mais, mesmo diante do processo apresentado, o curioso ainda enfrentará o dilema de aceitar ou rejeitar o caminho proposto. Se validará ou rejeitará o meio que conduz a determinada conclusão/resposta.

Ao final do processo (iterativo por sinal) o aprendiz retorna ao seu esforço autêntico de elaborar uma resposta que sirva de prisma em sua perspectiva para contemplar a compreensão refinada sobre o assunto que o interessa.

Entenda, não é uma escolha fácil para uma pessoa escolher se tornar autodidata (Tornar-se é mais fácil). Afinal, é muito mais cômodo ouvir um professor, uma ideologia ou uma empirista, e aceitar como factual suas colocações. Enfrentar uma jornada de elaborar perguntas, avaliar credibilidade de mestres, investigar métodos e deliberar sobre a validade de uma conclusão é uma aventura custosa.
Pensar é trabalhoso. Mas aprender? É libertador. (Aprender a pensar, e aprender coisas novas)

O grau de liberdade e de independência que uma pessoa experimenta, creio estar intimamente relacionado à sua habilidade de aprender novas coisas ao longo do tempo.

Intrínseco a esta habilidade, está o comportamento humilde. A atitude básica de rejeitar o orgulhoso pressuposto que se sabe o suficiente para lidar com o mundo. Nunca sabemos, ou saberemos.

De certo modo, convida-nos a refletir que a liberdade de pensar, implica em responsabilidade. No sentido de concentrar, como responsável, as consequências no indivíduo, de forma consciente. É curioso como a própria liberdade exige responsabilidade.
A leitura foi para mim um portal de grande mudança interior. Me permitiu ter conversas que jamais teria. Me revelou perguntas melhores para descobrir o propósito por trás das minhas ações.

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Uma atitute curiosa, aventureira e corajosa desperta protagonismo. Desperta o conhecimento da experiência
Sabe, considero que uma pessoa sempre é responsável por suas escolhas, sejam estas conscientes ou inconscientes, e, se um indivíduo toma para si consciência a respeito de suas escolhas, e princípios aprendidos que o guiem, não é fácil esquivar-se da percepção de que é o ‘culpado’ pelas consequências que enfrenta. Que é responsável por sua realidade presente, interna, e, em grande parte, externa também.

Saber mais permite ver as correntes que nos aprisionam. Só assim podemos nos libertar. Mas conforme despertamos, percebemos que nossa identidade sempre nos persegue. Somos para sempre responsáveis por nós mesmos, nossa felicidade e nossa vida, essencialmente.
“A maioria das pessoas não quer realmente liberdade, porque liberdade envolve responsabilidade, e a maioria das pessoas tem medo de responsabilidade. ”
Sigmund Freud, psicanálise
Sigmund Freud
Psicanalista
É preciso imensa coragem para aprender sobre si mesmo, e se libertar das amarras do passado para enxergar o presente e as possibilidades do futuro. Considero que, embora paradoxal, aprender é libertar-se e responsabilizar-se por si mesmo, o que no fim significa que liberdade é o mesmo que responsabilidade. A pergunta chave é: Prefere ser conduzido de forma consciente, ou conduzir-se de forma responsável?

Da responsabilidade não há escapatória. Para ver valor na ausência de limites, é preciso familiarizar-se primeiro com os que já temos. Quebrar regras só é ousado para quem as conhece.

Autoconhecimento

O último e mais importante conhecimento para a libertação é sobre si mesmo. Na minha opinião, o melhor conselho que se possa dar a uma pessoa é o antigo escrito no portal do templo de Apolo em delfos, na Grécia antiga.

“Conhece a ti mesmo.”

Mas este, é um assunto de grande profundidade e relevância que gostaria de expor separadamente. Até que termine tal reflexão, encerro esta.

Como síntese dos pensamentos aqui apresentados, digo: A liberdade é fruto de consciência e competência. As chaves para conquistar a liberdade são: self-reliance, o pensamento em escala, a habilidade de aprender pelas próprias perguntas e iniciativa, a habilidade da comunicação e, finalmente, o autoconhecimento.

Abraço!

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