
Guerra contra a perfeição
Primeiras reflexões, o exagero máximo para ver o contraste revelador
Um perfeccionista é um ditador que acredita em uma utopia universal em todas as dimensões que pode conceber com toda sua conscienciosidade. Deve ser perfeito! ele grita, com uma ira formidável e inflexível. Não serve do seu jeito, nem mesmo do meu jeito, mas deve ser o jeito perfeito! Engula sua preferência, e aceite o perfeito! Essa falta de empatia evolui para uma tirania se o perfeccionista investir todo o seu ser em sua fixação. Ele se torna fundamentalista, seu ideal é verdadeiro além do questionamento. O ideal se torna também dogmático, o perfeccionista assume a responsabilidade de empreender a construção da utopia, o palácio de cristal. Estética, moral, ética, arquitetura, etiqueta, vestimenta, cor dos olhos… O perfeccionista escatológico é, afinal, atento à todos os detalhes, controla todos os protocolos, dita todas as regras. E quem desrespeitá-las, bem… eu não faria isso!
O que é a ira se não a manifestação do perfeccionista, de que algum idiota rompeu um limite importante? A ira é uma resposta revoltada contra a realidade. Quando uma pessoa deseja algo tão profundamente, e de forma tão rígida e enviesada, que, quando alguém desrespeita tal lei, tal valor, a única resposta cabível é a explosão. A violação se torna uma dor, provoca um sequestro cognitivo, e manifesta uma resposta límbica, emocional.
Nosso ditador perfeccionista é irado. Um idealista incurável, um juiz inflexível. A patologização evolui ainda mais, quando ele se torna dogmático, fundamentalista e intolerante. Com poder, ele eliminará tudo que gere aversão em seu rígido sistema de regras, axiomas e diretrizes. Ele quer tabelar todo o comportamento humano, diagnosticar toda a imperfeição e extirpar a liberdade completamente. O futuro será totalmente previsível, o plano, sem falhas.
Sinta isso em você

Uma provocação: Imagine você, com pressa, entra na escada rolante. O lado direito, é para ficar livre, para que os que tem pressa poderem circular, o lado esquerdo ficam as pessoas que aguardam a escada rolante terminar o percurso. E então, uma criança fica no lado direito, ao lado da mãe, e impede a passagem. Você apressado, sobe 40 dos 100 degraus, e é impedido de continuar pela criança que bloqueia o caminho. Sua pressa é urgente, o que você sente?
Raiva, irritação! Ainda mais porque você está certo! O lado direito é para ficar livre! E ainda assim, o mundo não respeita regras civis… que inusitado! É natural, a falha da humanidade… Mas!
Imagine agora, que essa irritação é contínua. Tudo está no lugar errado, indo na direção errada, sendo que já existe uma solução melhor, as pessoas não fazem o certo, o que devem, há corrupção em toda parte… E assim por diante. Estamos à um passo da mania de perseguição, das teorias da conspiração.
Quanto tempo até a irritação transbordar? Até as críticas mais ácidas começarem a escapulir?
Quem é o perfeccionista?

O perfeccionista é uma pessoa que combina dois aspectos simultâneos: conscienciosidade e neuroticismo (Big Five Personality Theory). Ela se estressa e sente muita ansiedade intensa quando entra em contato com um potencial perigo ou risco, e por poder ver muitos riscos e perigos, é intensificada sua carga de desgaste psíquico. Talvez, até mesmo a duração do estresse seja mais alta que o comum, isto é, se sente por mais tempo e se recupera mais lentamente dos episódios desgastantes. Sua mente calcula incessantemente os riscos, catástrofes e perigos detectados por sua ampla perspectiva.
Imagine uma pessoa inteligente, articulada, atenta à detalhes, bem informada e marcada também por perfeccionismo. É uma tortura contínua. Some a isso, que essa pessoa teve uma infância com episódios contínuos punitivos. Cada erro, uma punição. Cada acerto, outra punição por não atingir padrões mais altos. Cada gabarito reconhecido, no máximo, como o mínimo aceitável. Escassez de elogios, invalidação de emoções da criança, afinal para ser disciplinado, ordeiro e com alta performance, ela não pode tremer a mão, precisa de concentração e precisão… engole o choro, e se concentre para tirar nota 10.
Emoções são, então, inúteis. O que precisa ser enterrado sobre uma boa camada de concreto racional. Nada como uma casa arrumada, que prazer. Rotina previsível, aparência impecável. Como é bom ser perfeito. Quando as imperfeições surgirem, só empurrar pra baixo do concreto. Seja pragmático!
Uma metáfora, muito conhecida no mundo da psicologia, é a de que a água representa as emoções, e puxando dessa metáfora seu significado, vou dizer-lhes como é a história do perfeccionista.
Ele é um engenheiro, construtor e arquiteto de uma imensa represa hidrelétrica. O volume de água que circula, é a intensidade das emoções, a presença delas. O perfeccionista, por seu neuroticismo, tem muita água, e é bem difícil lidar com tantas vozes dentro da própria mente, especialmente quando a lei é a perfeição, e muitas situações fazem brotar muita água. Nada mais eficaz do que construir uma imensa represa de concreto forte, fazer a água parar de inundar as situações.
E à cada crise, à cada tempestade, o reservatório sobe de nível. A água parada, sedimenta e começa a formar uma espessa camada submersa de uma lama escura, densa… Alguns episódios nosso engenheiro admite uma breve abertura de suas comportas. A água é libertada, sob controle é claro, e para fins muito pragmáticos… gerar eletricidade!
Eu diria que eletricidade, é insight, inteligência e ideias inovadoras. Um evento apaixonante, parece mágica, e pode mudar o mundo! A depender de como a vida se desenrole, esse sistema pode funcionar muito bem. Mas…
Não estou aqui para falar dos engenheiros rígidos, disciplinados e brilhantes. Mais ou menos funcionais. Estou aqui para dizer o que acontece quando o reservatório assume proporções oceânicas, ou quando o engenheiro não é capaz de abrir mais as comportas…
O grande muro não tem resistência infinita. E como o engenheiro sabe, a parte mais rígida de uma estrutura é que sofre maior tensão.
O que é sentir tensão? É sofrer!
Quanto mais rígido, mais se sofre. E nosso engenheiro também sabe de alguns detalhes técnicos também, sabe sobre a permeabilidade do grande muro, a água passa, lentamente, mas passa. Ela abre caminho por dentro da grande muralha, e esse caminho enfraquece a força global. O tempo e a água, trabalhando juntos, exigirá reformas até mesmo nas construções mais exemplares.
O grande terror

Comecemos agora a ver os demônios do perfeccionista. Por que a necessidade de um plano perfeito? Porque previsibilidade e controle é tão importante?
Um relacionamento ruim com o futuro. Uma dificuldade interna de se adaptar, de talvez ter que sofrer mudando, se flexibilizando. É notadamente muito mais fácil usar conceitos antigos do que aprender os novos. É muito mais econômico decorar e cumprir um protocolo do que ficar pensando arduamente frente cada situação, cada pessoa.
Será que o perfeccionista confia em si mesmo? Na própria autoeficácia?
Porque ele evita a todo custo a incerteza, a imprevisibilidade, as infinitas possibilidades?
Somente um super ser poderia enfrentar todas as variáveis com maestria e segurança pessoal. Ele pensa, e eu não sou esse ser. Dessa forma, eu prefiro criar um jogo que eu dite as regras, que eu entenda o que está acontecendo, o que pode acontecer, qual o protocolo se acontecer, etc.
Na base, o perfeccionista teme sua nudez. Teme o futuro, pois tem uma autopercepção de si próprio: sou frágil. E, em muitos casos, exponho aqui o meu próprio, teme tanto os eventos externos quando o inundamento interior pelas emoções em situações adversas em potencial. O medo tem duas camadas: medo dos eventos, medo das próprias reações emocionais. Teme a fragilidade da própria autoeficácia e maestria para lidar com os problemas, quanto a perda do autocontrole e as consequências dessa hipótese.
Não há confiança nem na habilidade prática, e pior, nem na própria capacidade de aprender e se adaptar, e nem no ser misterioso enterrado sob a racionalidade. O medo fundamental é de não ser suficiente frente ao desafio, ser esmagado pela adversidade, não ser capaz de transcender-se. Antes vivo do que destruído pelo processo de enfrentamento.
Mas o desafio de fato esmaga?
O treinamento contínuo do perfeccionista

Ordem gera previsibilidade, previsibilidade protege contra a ansiedade e determina cursos de ação e investimentos seguros de energia e compromisso. Aumenta a sensação de controle e autonomia sobre a própria vida, mesmo que custando parte de sua subjetividade. Sente-se seguro dentro da estrutura.
O perfeccionismo nasce do orgulho. Se cria uma máscara, uma autoimagem idealista e utópica a respeito de si próprio. A função desta autoimagem é de proteção contra a vergonha fundamental a respeito da própria insuficiência e senso de valor. Protege também do sofrimento causado pela ansiedade frente à cenários punitivos. Isto é, incorporando-se a autoimagem é reduzida a chance de haver cenários piores de vida. Antes de máscara, e com os custos de tê-la e vesti-la, do que a vida projetada, caso ela não existisse.
O enfrentamento enterrado é: Como reagir aos eventos punitivos, os eventos incertos e incontroláveis? Como lidar com as críticas avassaladoras, o fracasso?
O perfeccionista tem medo da crítica, e, portanto, tenta se blindar delas por meio da ausência de falhas e insuficiências.
Por que?
Uma hipótese é o grande desconforto, e de que ele não sabe lidar, diante da crítica. De uma forma, a cura para o vício do perfeccionismo é a naturalização do enfrentamento da crítica e do desconforto existencial da incerteza.
Os comportamentos de segurança do perfeccionista são:
- Evitação aos cenários de enfrentamento incerto, isto é, ele não adentrará em um jogo que não possa ter confirmações de que possa vencer. Jamais fará investimentos com risco de ruína.
- Exagero de foco aos detalhes, com o objetivo de blindar qualquer feito exposto.
- Procrastinação, afim de resguardar um investimento completo em um projeto, e, este, caso apresente falhas, possa haver uma cobertura compensatória de que pelo menos, o esforço não foi total. O perfeccionista procrastinador acredita que se tivesse empreendido de fato, toda a dedicação, o projeto que falhou teria sido perfeito. Não o foi, pois ele não “quis” se dedicar totalmente. Outra função secundária, é proteger o perfeccionista do esforço exagerado. É simplesmente impossível se esforçar todo o tempo, o esgotamento gera uma necessidade de criar um repertório de justificativas (falta de recursos, compreensão de terceiros, etc.)
- Negligência total com parâmetros de qualidade alta, como uma espécie de desistência prévia de se fazer o perfeito. Assim, o perfeccionista preserva sua autoimagem imaculada, simplesmente acreditando que não acessou seus recursos internos.
O perfeccionismo, ao evoluir, passa a consumir o tempo e energia da pessoa em detalhes desimportantes, ou com ansiedade procrastinadora, uma espécie de tortura mental permanente que condena e acusa, de forma que falta energia e recurso para fazer até mesmo outras funções básicas.
Estranho como pareça, a mente gasta sua energia na ideia falsa, para que se mantenha, e falta energia para coisas bem reais e concretas na vida do indivíduo. Como cuidar da saúde, se relacionar socialmente, e etc.
As crenças que sustentam o comportamento perfeccionista, de modo geral, é um treinamento contínuo sob condições bem específicas: viés de atenção focado em falhas, distorção de positivos em negativos (as pessoas só me elogiam por educação, não por qualidade absoluta) e evitação de contextos que possam ser apenas positivos e não favoreçam a crença nuclear de inadequação (em muitos casos). Em outras palavras, o perfeccionista tem um sistema de crenças, que geram opções pré-determinadas nos pensamentos automáticos responsáveis por formular opções de ação para lidar com as situações. Ele joga o jogo de cartas marcadas, onde tudo desfavorece a contemplação realista da realidade.
O perfeccionista, em outras palavras, é especialmente treinado para jamais deixar de sê-lo. Ele não arriscará tentar ser perfeito, se obrigado a agir, jamais admitirá perfeição, se for reconhecido, desqualificará qualquer elogio. Sua mente está calibrada apenas para ver falhas, ele se questiona porque não tirou dez, e nunca como foi capaz de tirar 9,9 e ter tanta excelência em padrões sociais comuns.
O perfeccionista, naturalmente desenvolve excelência. Isso é bom, mas o exagero pela busca pelo perfeito, é a patologia. O perfeccionista sob controle, é simplesmente uma pessoa de altíssima performance, mas equilibrado. O curioso é que o perfeccionista poucas vezes fica obcecado por equilíbrio dinâmico.
Reflita: O maior inimigo é o exagero, a distorção da realidade, a fixação na utopia. A inflexibilidade é a raiz do problema. As crenças nucleares, que corrompem o jogo e disponibilizam os pensamentos primários, devem ser o alvo de uma intervenção escatológica.
Perfeccionismo como um vício

Fazendo um paralelo com o protocolo dos Alcoólatras Anônimos, e a dependência e vício no álcool, o perfeccionismo e seus comportamentos de segurança são a droga, a bebida. Possuem motivadores internos fortes para que o ciclo se perpetue, esses motivadores podem apresentar resposta similares à abstinência quando cortados os comportamentos de segurança.
O interessante, é que, ao cortar os comportamento de segurança, o estímulo que se está viciado, a bebida, a pessoa passa a ter que enfrentar as necessidades originais que desencadearam o uso da substância, da droga, do comportamento disfuncional e desadaptativo, do sofrimento existencial. A sede humana por harmonia interior.
Imagine o desespero do perfeccionista: Faça como pode, e haverão críticas.
-O que farei com elas?!
-Enfrentará.
Ao imaginar-se, enfrentando o questionamento socrático, as suas respostas dolorosas vão revelar o que precisa de fato enfrentar. Para o caso em análise, penso:
- Como lidar com minha insuficiência e vulnerabilidade?
- Como lidar com o fracasso, a crítica e a rejeição?
- Como lidar com minha ansiedade e sofrimento em momentos de incerteza?
- Como lidar com minha culpa, por não ter sido precavido?
- Como fazer apenas uma escolha, diante de tantas possibilidades? Como priorizar esforços e objetivos, quando todos são importantes? Como lidar com a perda? O que abro mão quando faço uma única escolha?
- Como lidar com o meu apego?
- Como lidar com o luto da minha infância e origem dos meus padrões e visão de mundo? Porque não desenvolvi uma visão de mundo mais flexível?
- Como lidar com o arrependimento de não ter permitido prazer algum em minha vida em busca de ordem absoluta?
- Porque ser tão econômico financeiramente, com medo do futuro? Como lidar com a incerteza do futuro?
- Como organizar o meu tempo para fazer o que precisa ser feito? Procrastinação e baixa produtividade é consequência de centralização e perfeccionismo e fixação à detalhes.
- Como ser realista em minhas projeções de futuro? Como não catastrofizar e projetar apenas cenários apocalípticos? Como ser realista em minha relação com a realidade?
- Como lidar com minha dificuldade de pedir ajuda? Como pedir perdão? Como ser aceito por outras pessoas? Como ser admirado por outras pessoas?
- Como confiar em outras pessoas para fazer um trabalho bem feito?
- Como lidar com elogios? Como elogiar? Como não permitir que as pessoas “montem” em mim quando sou gentil? Como ser assertivo?
- Como lidar com minha ruminação e ressentimento quando as coisas não são do meu jeito?
- Como lidar com a corrupção e a moralidade das outras pessoas? Como ser assertivo contra a injustiça? Como não ser moralista e inflexível?
Aversão ao prazer

Se estou sempre em busca de controle, proteção para o futuro, segurança, previsibilidade, blindagem à críticas, e sei, que todas essas coisas são muito trabalhosas para conquistar, e também sei que jamais conseguirei fazer tudo que é exigido, como relaxar?
Há sempre algo a fazer, há sempre algo que pode dar errado.
É incompatível o estado de vigilância constante e o relaxamento. O perfeccionista, normalmente se alia com a racionalidade, e abomina as emoções. Dificuldade sociais são padrão. Raramente elogiam, sentem-se desconfortáveis com demonstrações emocionais. Empatia é quase uma ofensa, pois atesta que o perfeccionista precisa de ajuda. E como nunca aderem ao seu plano tirânico de utopia perfeita, ninguém jamais o entenderá de fato. Pronto: missão isolamento social concluído.
Tirar férias?
-Quando tudo estiver bem, vamos sim…
Resultado: Nunca tudo estará bem. Logo, sem férias.
Armadilhas morais
“O trabalho dignifica o homem.”
A preguiça não será um problema, pelo menos de forma evidente. O perfeccionista que encontre no trabalho previsibilidade e segurança psicológica, se viciará nesse trabalho. E olha que vício bom: Gera dinheiro, gera dignidade, gera uma reputação excelente, gera elogios (afinal, se o perfeccionista é responsável, cada detalhe foi muito bem feito – exceto para o autor, que sempre vê o alvo do perfeito ali, flutuando, ao lado do realizado).
Boxer, o cavalo, no clássico Fazenda dos Animais, de George Orwell, é o nosso amigo perfeccionista. Suas qualidades são notáveis para todos, mas e sua vida e fim?
Uma das formas mais comuns de se cair em uma armadilha mais invisível do perfeccionismo e da rigidez é no trabalho ou papéis sociais que tem uma certa recompensa positiva. Tentar ser o filho perfeito, o pai perfeito, a mãe perfeita, o líder perfeito, etc. Quando algo promete uma recompensa muito tentadora, que te faça pensar que você pode ficar tranquilo e botar o burro na sombra, reflita. Não seria esta conquista apenas mais uma máscara para você usar? Uma identidade para vestir e poder parar de aprender e continuar a se adaptar continuamente?
A minha ferramenta mais importante para identificar se estou preso em uma armadilha é: Qual é a minha fonte de sofrimento agora? O que faço que sustenta esse sofrimento? E não se acanhe em descobrir que ações que tem funções positivas, podem gerar também custos bastante altos.
Será que existe alguma forma, de alcançar o que quero e necessito, mas sem pagar tão caro? Não apenas financeiramente, será que existe outro jogo emocional? Será que existe outro sistema de crenças que seja melhor que o meu hoje? Adianto: Sempre tem!
-Mas sempre é uma palavrinha carregada! Não seria melhor ser flexível?
Exatamente! Diante da eterna impermanência das coisas, o mais sábio a se fazer é estar acompanhando essa impermanência. Sempre adaptável, sempre flexível.
Você escolhe, qual sofrimento prefere? O da fixação e ruminação, ou da experimentação e aprendizado? A mente flexível exige mais de você, mas sinceramente, olhando a história da humanidade e a ciência, ser inflexível não é uma boa estratégia.
O destino da perfeição

Pense bem, amigo perfeccionista. Quer ser uma pessoa sozinha? Alguém viciado em um comportamento altamente recompensador, mas incrivelmente cruel e originador de sofrimento permanente? Sentir aversão ao prazer, e ter uma mente moralista que acusa descanso como fraqueza e preguiça? Ter uma baixa produtividade frente ao seu potencial real? Deseja mesmo, ser um tirano impiedoso e inflexível? Olha com bons olhos o dogmatismo e o fundamentalismo? Sente dificuldade de desapegar de coisas? Dificuldade de gastar dinheiro com si próprio? Elogia pouco? Sente-se desconfortável socialmente frequentemente? É difícil perdoar?
Confesso que, ao investigar o perfeccionismo, vi um destino terrível à minha frente, e o temor que senti foi maior que o temor que sentia a respeito das críticas. Ainda não cheguei ao fundo de minha investigação (ela tem que ser perfeita!… tô zuando)
Espero que essa reflexão possa ser o começo de uma jornada para você, para se libertar do cruel vício do perfeccionismo, e das pesadas correntes de uma máscara irreal que consome sua mente continuamente.
O destino da perfeição é cair em um abismo olhando para o céu.
Um abraço,
Arthur