Inflexibilidade e ira

Raiva interna

Raiva Interna Como a agressividade e raiva do perfeccionista são manifestadas. Entenda o que é a raiva, a ira e a revolta e desarme-as em sua vida. Este texto é de uma série de investigações a respeito de perfeccionismo. Ainda assim, trata de condições universais humanas. O convite da presente reflexão é aprofundar o entendimento do estado interno que o perfeccionista convive diariamente, identificar a origem dessa experiência subjetiva e sugerir reflexões úteis a respeito da solução de problemas derivados desse estado subjetivo. Punho de ferro O Significado da Ira Intransigência com a realidade como ela é. O controle negado é o motivo principal da raiva. Arrependimento raivoso por não ter sido capaz de controlar uma situação no passado e não ter a capacidade de se controlar no presente em uma situação frustrante são exemplos de infantilidade. A ira significa a violação de uma expectativa particularmente importante para uma pessoa. Não só isso, mas também a incapacidade de ser flexível e conciliar informações relevantes para as situações. Em outras palavras, ter certas dissonâncias cognitivas também contribui para uma explosão emocional. Uma pessoa irada é uma pessoa otimista se decepcionando. Ela depositou muita esperança em sua expectativa, seu modelo de mundo. E quando colide com a realidade, a expectativa se prova falsa, a esperança se torna frustração e decepção. Um perfeccionista é um revoltado covarde até se tornar um tirano opressor. Começa com frustrações que ao invés de incitar aprendizado, mudança, flexibilidade e adaptabilidade promovem a insistência imatura. O perfeccionista deseja tão profundamente a simplicidade, o controle administrável da vida, que preferirá antes negar a realidade e sua complexidade do que aprender com sua experiência. Por que aprender algo complexo se posso me sentir seguro com meu mapa imaginário de como o mundo deveria funcionar? O perfeccionista aprende devagar com a vida, seu apego é grande demais à sua imaginação, aos seus ideias e à ambições irracionais. Ao invés de aprender, ele escolhe a revolta. A vida afirma: É assim. Mas não deveria ser assim! Note o ‘!’ e o ‘deveria’. Entenda, porém, que a condição do perfeccionista não o paralisa totalmente. São pessoas, afinal, e portanto, complexas. Quando vão se sofisticando, os que são perfeccionistas não continuam explodindo a todo momento, mas internalizam sua raiva e frustração. Não são meros soldados na linha de frente, que investem contra o inimigo diretamente. Os perfeccionistas elaboram esquemas mais complexos. Ele se ressente com mundo e com a realidade, e condena aqueles à sua volta e suas tolas esperanças. Ele sabe melhor, sabe o que é que todos deveriam mirar: A perfeição. Mas ele não participa da realidade, ele vive em um mundo paralelo, personalizado e egocentrado. Daí, um covarde revoltado. Se revolta, mas em silêncio. Não participa da vida coletiva. Mas não se engane, quando terminam de se encher de frustração e ódio, ainda crianças emocionais que não aprenderam a aprender, insistem em se ressentir, vão à luta no mundo. E são implacáveis! O plano final, de reforma da realidade, é a última colisão entre o sonho imaturo e a dura realidade, e não é só o perfeccionista que sofrerá consequências terríveis. Se sente que seus olhos estão cheios de ódio e frustração, reflita: O que insiste em não aprender? Qual o seu problema? Talvez seja a hora de ao invés de ressentir, simplesmente aprender a dinâmica do mundo e a influência de contextos para os resultados que experimentou em sua vida. Fundamentalismo O perfeito pode ser mais perfeito? Claro que não, isso viola o conceito! É por isso que a perfeição abre portas para o fundamentalismo, isto é, a crença que uma verdade é absoluta além do questionamento. Os que acreditam nessa verdade absoluta, são chamadas de perfeccionistas. Mas isso não significa que não se pode questionar a perfeição, dizem os fiéis seguidores. Todos podem questionar a perfeição, mas para entendê-la, não para mudá-la. As supostas contradições são apenas falha de entendimento, não da falha da perfeição. -Se perfeita tal ideia, não seria ela clara e eloquente? -Mas somos imperfeitos para compreender. -Dessa forma podemos concluir que, talvez, em nossa imperfeição, estamos optando por crer em algo que pode ser falso, ser imperfeito? Que nós mesmos criamos imperfeitamente? Que insistimos em acreditar e tentar seguir imperfeitamente? Seria razoável presumir que criamos ou cremos nessa tal ideia imperfeitamente, e que, talvez, seria mais sensato avaliar o contraste entre a experiência e a hipótese? Será que podemos de fato honrar o projeto perfeito? -Está sugerindo que abdique da minha fé?! Note o ‘!’ -De modo algum, confio no ensaísta do século XVI Michel Montaigne a respeito de fé: “A fé não necessita de defesa racional, ou de argumentos a seu favor, por ser uma experiência do indivíduo, e é nisso que se apoia. “; O que sugiro em verdade é que revise e amadureça as leis que te governam, pois se te adoecem e te isolam, se trazem efeito devastador para tua vida, vale a pena de fato obedecê-las como as obedece? Me pergunto, amigo perfeccionista, porque vale a pena o seu projeto? Porque vale a pena investir a sua energia nesse projeto, dessa forma, com essa intensidade de diligência? -Ainda que custe caro no início e no presente, o fim justificará o sacrifício. -Delicado quanto posso ser, afirmo-te, como Sófocles antes de mim: ‘Nada devia ser jurado pelos homens, pois basta refletir para notar que a ideia é enganadora.’ O futuro é sempre incerto, por mais diligente e completo que seja o plano. Não invalido a responsabilidade, e acredito eu mesmo que devemos viver agora como se fossemos viver para sempre, mas cientes de que tudo está por um fio. Pensas que seria sensato sacrificar sua saúde e felicidade, rendendo-se à paralisia do medo, à tortura da ansiedade, ao massacre dos teus próprios limites, por uma ideia distante e incompreensível pelos imperfeitos seres que somos? -Não é fácil desapegar da forma que sempre fui, mas diante disso, confesso que estou reflexivo. Onde posso aprofundar-me na questão e curar-me de algo que parece

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