
Tristeza
A dinâmica da tristeza é se apegar ao sentimento e encobri-lo. Tornar o que sofremos real. Não toleramos dor sem sentido. Atraímos auxiliadores, eles se sentem úteis e nos validam.
Porque sustentamos a tristeza? E rejeitamos companhia quando tristes? Qual seu significado mais profundo?
Sustentamos a tristeza para encobrir o trauma. Os fatos entristecedores revelam a inadequação da nossa perspectiva. São gatilhos dos nossos traumas e valores irrefletidos. Nos sentimos impotentes, desamparados e inseguros, já que somos impotentes e finitos, e nos demos conta disso. A ilusão foi rompida.
Nos apegamos à memórias. Sentimos saudade para reviver a identidade que estamos apegados. Para reafirmar o amor sentido.
Se aprofundarmos nossa tristeza tiraremos o véu do fato gerador, o gatilho. Veremos o mecanismo profundo: o trauma. Ao jogarmos luz, a vergonha nos contorce. Eis um motivo de optar pela solidão na tristeza. Medo de revelação aprofundada.
O trauma é então tratado, refletido, e nossas crenças fundamentais amadurecidas. A cura envolve coragem e responsabilidade. O que fugimos em última análise: Se atravessarmos a tristeza, significa que amadurecemos, nos responsabilizamos mais. Por trás da tristeza há dor de crescimento.
Eis a revelação da tristeza: ela quer afirmar o sofrer, buscar a solidão e encobrir-se com a vergonha, pois por trás estará o trauma original, a raiz última da razão do que sentimos. Sabemos que superar traumas requer aumentar nossa responsabilidade, assumir a vida com mais abrangência.
O convite da tristeza é o exame profundo do Ser, o sacrifício máximo da própria identidade. Atenda ao chamado da vida e evolua teu caráter. A tristeza nos convida a transcender quem somos.
Ouça-te, entristeça-te, invade tua vergonha, usa do acolhimento sincero, do consolo, mas aprofunda sobre o fato gerador de sua tristeza, desvende-o e revele porque foi-te um gatilho de agonia. Perscruta o trauma original. Revise o que acreditas, o que se apegou, que crença precisa mudar, que realidade fundamental que ignoras.
Para uma pessoa triste, desejo acima de tudo, um amigo.